China se recusa a voltar atrás em seu plano portuário na Argentina
ago, 21, 2023 Postado porGabriel MalheirosSemana202333
No início de junho, o governador da Terra do Fogo, Gustavo Melella, reacendeu uma antiga polêmica sobre um plano portuário com uma empresa chinesa para a construção de um porto multiuso na Argentina.
A polêmica foi reacendida quando Melella apresentou à legislatura local o memorando de entendimento que havia assinado com Shaanxi Chemical Industry Group. O acordo inclui a construção de um terminal portuário com capacidade de atracação para navios de até 20.000 toneladas, bem como uma central elétrica e uma planta industrial para produzir 900.000 toneladas de ureia, 600.000 toneladas de amônia sintética e 100.000 toneladas de glifosato por ano, com um investimento total estimado em US$ 1,25 bilhão, informou Bloomberg.
De acordo com o site argentino Deproa Noticias, no momento em que Melella assinou o acordo com a empresa estatal chinesa, a empresa argentina Mirgor já tinha planos para construir um porto na mesma cidade.
Pequim, informou Deproa Noticias, garantiu que não recuará e pressionará para que o acordo seja aprovado na legislatura local, tal como foi apresentado, incluindo o porto. No entanto, o Ministério da Economia da Argentina negou que os investimentos chineses serão realizados, informou o jornal chileno La Tercera.
Atualmente, a Argentina enfrenta uma dívida crescente de US$ 20 bilhões com Pequim. Essa situação é exacerbada, devido à complexa crise financeira que atravessa o país, acrescentou Belikow.
Ponto estratégico
O porto chinês em Rio Grande controlaria a passagem entre os oceanos pelo Estreito de Magalhães, teria acesso direto à Antártica e monitoraria os movimentos nas Ilhas Malvinas, incluindo o Complexo British Mount Pleasant, informou a agência uruguaia Merco Press News, em 13 de junho.
“Quando se trata da presença e da investigação na Antártica, sabemos que a China utiliza o uso duplo para a capacidade científica”, alertou Belikow. “Se nesse porto começarem a atracar navios científicos chineses com radares potentes que lhes permitam monitorar satélites, a implicação que isto tem quanto à segurança é mais do que óbvia.”
Outra grande preocupação sobre a construção desse terminal naval é que ele pode se tornar semelhante à base de investigação que Pequim tem em Neuquén, que é restrita para o acesso de qualquer pessoa, informou a Revista Puerto da Argentina.
Além disso, poderia abastecer a frota chinesa que pesca na milha 201 do Atlântico Sul, acentuando ainda mais as desvantagens comerciais comparativas desse setor em relação à pesca ilegal, não declarada e não regulamentada (INN) que abastece os mesmos mercados, disse.
A China precisa de um ponto bioceânico estratégico na Terra do Fogo, caso o Canal do Panamá tenha problemas e o Ártico entre em conflito; portanto, o interesse é óbvio, disse Belikow. Atualmente, o porto mais próximo da Antártica é o de Auckland, a cerca de 3.000 quilômetros de distância, informou o jornal argentino La Nación.
“O porto [em Rio Grande] é de caráter estratégico, portanto só pode ser operado por empresas de capital nacional – públicas, privadas ou mistas –, mas nacionais”, disse o congressista argentino Federico Frigerio no X anteriormente conhecido como Twitter. “Não permitiremos que nenhum Estado estrangeiro controle nossa infraestrutura estratégica.”
“Atualmente, a China tem controle total ou parcial sobre 40 dos 120 portos mais importantes da América Latina, o que equivale a aproximadamente um terço do comércio regional”, disse Belikow. Essa presença dá a Pequim a capacidade de priorizar seus próprios interesses em tempos de crise, criando um ambiente com “dinâmicas estranhas”.
Fonte: Diálogo Américas
Para ler a matéria original, acesse: https://dialogo-americas.com/pt-br/articles/china-se-recusa-a-voltar-atras-em-seu-plano-portuario-na-argentina/
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