Clima e redução das exportações afetam margens da fruticultura
set, 01, 2022 Postado porSylvia SchandertSemana202235
A fruticultura brasileira enfrenta um momento delicado, com recuo de 11,6% na receita das exportações até julho e queda em suas margens de lucro. E essas margens poderão diminuir ainda mais nos próximos meses, com a manutenção dos custos de produção em patamares elevados e um possível arrefecimento de preços, num cenário que exigirá uma gestão mais rigorosa por parte dos produtores.
É o que aponta relatório divulgado no dia 31 de agosto pela Consultoria Agro Itaú BBA, que lembra que o clima também não tem sido camarada com o segmento. No Vale do São Francisco, principal polo exportador de frutas do país, choveu 500 milímetros entre outubro de 2021 e março de 2022, 65% mais que a média histórica para o período. O excesso de umidade dificultou o controle de floradas e o manejo de pragas e doenças. Os produtores investiram mais para tentar minimizar o impacto, mas acabaram colhendo menos – e a qualidade das frutas também caiu.
As perdas se traduziram em queda de 11,3% no volume de frutas e derivados exportados pelo país nos primeiros sete meses do ano, que ficou em 518,9 mil toneladas. A receita das vendas recuou 11,6% ante o mesmo período do ano passado, para R$ 511,6 milhões. Dentre os produtos muito exportados pelo Nordeste, a uva foi o que mais sofreu. Os embarques diminuíram 45%, para 12,4 mil toneladas. Houve também retrações de 17% nas exportações de mamão, para 25,2 mil toneladas, e de 14% nas de manga, para 78,3 mil toneladas.
Também sob influência do La Niña, a região Sul teve pouca chuva no momento do enchimento e da granação das maçãs, o que prejudicou a oferta para exportação – que diminuiu 64% em volume, para 34,8 mil toneladas de janeiro a julho deste ano.
Veja abaixo o histórico das exportações de frutas pelo Brasil de janeiro de 2021 a julho de 2022. Os dados são do DataLiner.
Exportações Brasileiras de Frutas | Janeiro 2021 – Julho 2022 | TEUs
Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração)
À frente, o horizonte internacional está nublado. Segundo os analistas do Itaú BBA, as paralisações nos portos da China e o aumento dos preços do petróleo neste ano culminaram em baixa disponibilidade de contêineres e altos custos de frete marítimo neste segundo semestre. Esse cenário preocupa porque cerca de 90% das exportações brasileiras de frutas são escoadas por navios.
Incerteza sobre demanda
Na ponta da demanda, o fantasma de uma recessão global adiciona incertezas. “Uma eventual redução das compras externas sem igual movimento na oferta pode pesar sobre os preços”, comentam os analistas. O enfraquecimento da economia na Europa, principal mercado para as frutas do Brasil no exterior, pode afetar volumes e preços.
Para completar o quadro adverso, é possível que as frutas brasileiras cheguem de uma vez ao mercado, porque as floradas se concentraram em uma janela curta. “A disponibilidade em um período centralizado pode pressionar as cotações e afetar as margens dos produtores”, frisa.
De todos os pontos de atenção elencados pelo banco, um deles foge totalmente ao controle do produtor rural: o clima. O La Niña deve continuar nos próximos meses e, com isso, pode chover mais que o normal no Nordeste, prejudicando as plantações locais pelo segundo ano consecutivo.
A recomendação do Itaú BBA é que os produtores travem parte dos negócios em dólar ou euro para preservar margens. Além disso, apostar em produtos de maior valor agregado no mercado interno, como uvas e mangas premium, pode ser uma alternativa para driblar um eventual recuo das exportações. Por fim, a manutenção e o fortalecimento de parcerias com redes de supermercados também podem ajudar o segmento a chegar a condições mais remuneradoras.
Fonte: Valor Econômico
Para ler o artigo original completo, acesse: https://valor.globo.com/agronegocios/noticia/2022/09/01/clima-e-reducao-das-exportacoes-afetam-margens-da-fruticultura.ghtml
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