Colheita de milho da Argentina é prejudicada devido à propagação da doença stunt

Um analista da bolsa de grãos de Rosario disse, no último dia 17, que é “provável” que a colheita de milho da Argentina seja significativamente reduzida, um potencial golpe para os suprimentos globais.

A Argentina, o terceiro maior exportador mundial de milho, esperava uma colheita recorde de milho, mas desde março a safra tem sido atingida por um surto sem precedentes dos insetos, o que levou a bolsa a reduzir sua previsão em 6,5 milhões de toneladas para 50,5 milhões de toneladas na semana passada.

Os pulgões são insetos que carregam a doença prejudicial do espiroplasma e cuja população tende a se espalhar em condições quentes e secas. Eles têm prejudicado bastante o milho 2023/24, que iniciou sua colheita há algumas semanas e agora está 15,3% completo.

“O milho está muito afetado e isso é algo que nos preocupa muito”, disse Cristian Russo, chefe de estimativas agrícolas da Bolsa de Valores de Rosario, à Reuters.

“É provável que isso seja um fator em mais perdas, que não serão perdas insignificantes.”

Russo disse que nas províncias mais afetadas do norte, como Chaco, Santiago del Estero e Tucumán, as perdas causadas pela doença variavam entre 40% e 50%, quando normalmente a figura chegava apenas a 5% no máximo.

Ele acrescentou que casos graves de pulgões, que prosperam em condições úmidas e quentes, também estavam sendo observados em regiões onde normalmente não apareciam, reflexo da natureza incomum do surto prejudicial deste ano.

“Chegou a áreas onde nunca havia chegado antes. Pegou os técnicos de surpresa. Atingiu o centro e o norte de Santa Fé e Córdoba muito duramente e alcançou a região central (agrícola)”, disse Russo.

O gráfico a seguir mostra o volume equivalente a contêineres de 20 pés das exportações de milho da Argentina (hs 84) entre janeiro de 2022 e janeiro de 2024. Os dados são do DataLiner.

Exportações de milho da Argentina | Jan 2022 – Jan 2024 | TEU

Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração) 

PREVISÃO DO TEMPO FRIO?

Em resposta ao surto, o governo anunciou na semana passada que estava acelerando os procedimentos de aprovação de dois produtos inseticidas recomendados para combater a doença do espiroplasma, embora isso venha em grande parte tarde demais para a colheita atual.

Outro fator que determinará como o surto progride é a chegada de baixas temperaturas, porque o inseto não pode resistir a temperaturas abaixo de 4 graus Celsius, disse Russo. A Argentina está no início do outono.

No entanto, cientistas da Universidade de Buenos Aires (UBA) disseram que não se espera uma diminuição rápida das temperaturas no norte da Argentina, onde ocorreram os piores surtos.

“As províncias do norte já tiveram temperaturas muito altas desde o verão”, disse Matilde Rusticucci, acadêmica do Departamento de Ciências da Atmosfera e Oceanos da universidade, em um relatório na quarta-feira.

“Nos próximos meses, elas continuam tendo a possibilidade de sofrer temperaturas máximas muito altas.”

No entanto, a precipitação provavelmente diminuirá devido ao enfraquecimento do fenômeno climático El Niño, o que na Argentina se traduz em um aumento no padrão de precipitação.

Fonte: Reuters

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