Commodities tendem a continuar firmes
jan, 03, 2022 Postado porSylvia SchandertSemana202201
Os preços das commodities agrícolas mais exportadas pelo Brasil superaram as expectativas e encerraram 2021 com variações positivas que não eram registradas há anos nas bolsas de Nova York e Chicago. Demandas firmes, ofertas limitadas por adversidades climáticas, dólar e petróleo colaboraram para as fortes valorizações observadas, que põem as cotações em elevados patamares de partida em 2022. A expectativa é que o ritmo de avanço arrefeça, mas, de acordo com analistas, o espaço para quedas expressivas é restrito.
Depois de subir mais um degrau em dezembro, o café arábica encerrou 2021 com alta de 51,44% em relação a 2020 em Nova York, no mais alto nível desde 2014 (US$ 1,7059 por libra-peso), segundo cálculos do Valor Data baseados nos contratos futuros de segunda posição de entrega. Com seca e geadas no Centro-Sul do Brasil, que lidera a produção e as exportações mundiais da espécie, a restrita oferta global foi fundamental para o salto. E como os problemas no Brasil perduram as cotações tendem a seguir com suporte.
Outra commodity que tem no Brasil o maior país exportador e também sofreu com os reflexos das intempéries no Centro-Sul do país, o açúcar demerara fechou 2021 com preço médio 38,5% maior que o do ano anterior em Nova York (17,78 centavos de dólar por libra-peso). Trata-se do maior valor desde 2016, também sustentado pelo petróleo e suas influências no mercado de etanol. Como as projeções apontam déficit global na safra 2021/22, em larga medida ainda graças ao Brasil, a margem para retrações é estreita.
O Centro-Sul brasileiro é vital também para a oferta mundial de suco de laranja, e a redução da colheita da fruta no cinturão que se espalha por São Paulo e Minas Gerais colaborou para que os futuros da bebida concentrada e congelada (FCOJ) encerrassem 2021 com valor médio 8,65% maior que em 2020 (US$ 1,2527 por libra-peso). Mas, embora o Brasil domine 80% dos embarques globais de suco de laranja, Nova York reflete sobretudo a realidade do mercado americano, onde a demanda até caiu um pouco após os picos no início da pandemia, mas continuou relativamente sólida.
No mercado de algodão, o petróleo, a retomada da produção da indústria têxtil e a demanda chinesa aquecida ajudam a explicar a valorização de 44,1% ante 2020 no valor médio dos contratos futuros de segunda posição de entrega negociados em Nova York. Em dezembro já houve uma acomodação, mas as perspectivas apontam para cotações atraentes em 2022, sobretudo se a economia global mostrar que de fato está mais resistente à covid-19.
Os preços dos principais grãos negociados na bolsa de Chicago, por sua vez, comprovaram sua notável resiliência em tempos de pandemia e registraram, em 2021, médias bastante elevadas em termos históricos.
Nos casos de soja e milho – o Brasil lidera os embarques globais da oleaginosa e briga pela segunda posição no ranking do cereal -, até houve problemas de oferta no ano passado, principalmente no Brasil. Mas foi o consumo firme de proteínas mais baratas que carne bovina (como as carnes suína, de frango e ovos, que dependem dos grãos para as rações dos animais) o fator principal para que as relações entre ofertas e demandas permanecessem com pouca folga, como continuam.
Na soja, apontam os cálculos do Valor Data, o valor médio alcançado em 2021 foi 42,52% superior ao de 2020, e o mais elevado desde 2013. No milho, a alta na comparação entre as médias de 2021 e 2020 foi de 53,01%, e o degrau atingido no ano passado foi o mais alto desde 2012.
Os resultados de 2021 e o cenário geral para 2022 apontam, assim, que os exportadores brasileiros não têm muito do que reclamar no que se refere aos preços, e os atuais patamares ajudam a compensar boa parte das perdas registradas nas lavouras por causa do clima, mesmo que o aumento dos custos dos insumos já tenha começado a reduzir um pouco mais as margens de lucro.
Por outro lado, é difícil imaginar refresco para os consumidores no varejo. A inflação dos alimentos foi uma marca global em 2021 e, tudo indica, continuará a ser.
Fonte: Valor Econômico
Para ler o artigo original completo, visite:
https://valor.globo.com/agronegocios/noticia/2022/01/03/commodities-tendem-a-continuar-firmes.ghtml
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