Como o aumento dos preços da soja está ligado ao conflito no Mar Negro

Tanto a Ucrânia quanto a Rússia são grandes fornecedoras de grãos. No entanto, com a guerra em andamento e a diminuição das exportações para fora da região, os preços da soja passaram a aumentar e nem todos estão enxergando a conexão.

Nenhum dos dois países produz quantidades significativas da oleaginosa, especialmente quando comparado com gigantes da soja como o Brasil ou os EUA. Para entender a situação, é preciso notar que o mercado global de óleo vegetal já estava em uma situação de oferta apertada antes da escalada das tensões no Mar Negro.

A Ucrânia responde por metade de todo o comércio global de óleo de girassol e a Rússia responde por quase 30%, embora as exportações de ambos estejam efetivamente cortadas no momento. O óleo de girassol representa cerca de 15% do comércio mundial entre os principais óleos vegetais: palma, girassol, soja e colza.

Com a maior parte do comércio de óleo de girassol off-line, os compradores estão procurando alternativas como por exemplo o óleo de soja e óleo de palma. Este último passou recentemente por seus próprios problemas de exportação. Além disso, problemas de produção na Argentina, maior exportador de óleo de soja, também causaram estresse para os comerciantes de soja em grãos e óleo vegetal.

Quase 90% da soja produzida no planeta acaba sendo esmagada para originar óleo e farelo, sendo que o farelo de soja é o subproduto mais proeminente. O óleo é amplamente utilizado para cozinhar, mas também é uma importante matéria-prima em biocombustíveis.

PALMA PARA SOJA

O óleo de palma, o óleo vegetal mais usado globalmente, é historicamente o mais barato dentro da sua categoria. No entanto, em tempos recentes, passou a ser o mais caro pela primeira vez. Ainda que seja sabido que os eventos na Ucrânia aumentaram os preços, a alta do óleo de palma começou em 2020 junto com outras commodities.

Os futuros de óleo de palma da Malásia de referência FCPOc3 atingiram novos máximos históricos em vários meses no ano passado e em todos os meses até agora em 2022. A demanda tem superado ligeiramente a produção nos últimos anos, e problemas recentes de produção na Indonésia e na Malásia reduziram os estoques lá encontrados.

Os contratos futuros de óleo de palma subiram 45% até agora em 2022 e ultrapassaram 7.000 ringgit por tonelada (cerca de US$ 1.672/t) pela primeira vez na quarta-feira. Para contextualizar, o nível de 6.000 ringgits foi atingido pela primeira vez na semana passada. Por sua vez, a marca de 5.000 nunca havia sido vista antes de outubro.

Esta pressão na comercialização do óleo de palma afetou também os preços da soja, que responde por 15% do comércio global de óleos vegetais. Os futuros de óleo de soja negociados em Chicago BOv1 atingiram níveis nunca antes vistos nesta semana, mais de 50% em relação aos níveis do ano anterior e 2,5 vezes mais do que na mesma semana de 2020.

A soja CBOT está 19% mais cara do que na mesma data do ano passado e 86% maior do que há dois anos. Estes preços aumentaram 25% desde o início de 2022, especialmente na semana passada, quando a invasão total eclodiu, chegando a 30 centavos por bushel.

Os exportadores dos EUA venderam um volume quase recorde de soja de safra antiga nas últimas semanas, além de uma quantidade recorde de safra nova. As vendas seguem até o presente momento.

Os riscos de fornecimento de soja podem continuar além da atual temporada. Agricultores dos EUA podem não plantar soja suficiente este ano para manter ou consolidar estoques, o que pode manter os estoques de soja e produtos de soja em escassez até pelo menos o início de 2023, quando o Brasil colherá sua próxima safra.

Fonte: Hellenic Shipping News

Para ler o artigo original completo, acesse:

https://www.hellenicshippingnews.com/how-strength-in-soybean-prices-is-linked-to-the-black-sea-conflict-braun/

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