Conab prevê produção recorde de grãos para safra 2024/25
out, 16, 2024 Postado porGabriel MalheirosSemana202441
A Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) divulgou sua primeira estimativa para a safra de grãos 2024/25 no Brasil, prevendo uma produção de 322,5 milhões de toneladas, o que representa um aumento de 8,3% em relação ao ciclo anterior. Esse crescimento é impulsionado principalmente pela expansão da área plantada. Se confirmada, essa estimativa marcará um novo recorde de produção.
O crescimento projetado pela CONAB está atrelado a um aumento de 1,9% na área de cultivo, que deverá atingir 81,34 milhões de hectares. A produtividade média também deve crescer 6,2%, alcançando 3.964 quilos por hectare.
No entanto, a CONAB ressalta que a produtividade projetada se baseia em modelos estatísticos, já que a segunda e terceira fases de plantio da safra 2024/25 ainda estão por vir. Atualmente, estão sendo semeadas culturas como soja, milho de primeira safra e feijão.
Soja lidera, mas plantio enfrenta desafios climáticos
Para a soja, principal cultura do Brasil, a CONAB prevê um aumento de 2,8% na área semeada, apesar dos atrasos no plantio causados pelo clima seco e chuvas irregulares. Até 13 de outubro, 9,1% da área estimada havia sido plantada, em comparação com 19% no mesmo período do ciclo anterior.
O gráfico abaixo usa dados derivados do DataLiner para comparar o volume de exportação de soja de cada mês nos portos marítimos brasileiros no período que compreende os primeiros oito meses do ano entre 2021 e 2024.
Exportações de soja do Brasil | Jan 2021-Ago 2024 | WTMT
Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração)
No Paraná, 33% da área de soja já foi plantada, enquanto no Mato Grosso, maior produtor do país, apenas 7,8% da área foi semeada, limitando-se principalmente a terras irrigadas. Na safra passada, o Mato Grosso já havia plantado 35,2% até essa mesma data. Apesar dos atrasos, a CONAB projeta um crescimento de 12,7% na produção de soja, totalizando 166,05 milhões de toneladas.
Milho e arroz também apresentam boas projeções
Para o milho de primeira safra, a área plantada deve sofrer uma redução de 5,4%, ficando em 3,76 milhões de hectares, o que resultará em uma produção de 22,72 milhões de toneladas, uma leve queda de 1,1% em relação ao ciclo anterior. No entanto, considerando as três safras de milho, a CONAB estima uma colheita total de 119,7 milhões de toneladas, 3,5% acima do ciclo anterior.
A segunda safra de milho, crucial para o cálculo da produção total, está projetada para aumentar 4,8%, alcançando 94,6 milhões de toneladas. O plantio, no entanto, só começará em abril, após a colheita da soja, que foi atrasada pelas condições climáticas.
A área de arroz também deve crescer 9,9%, impulsionada principalmente por expansões nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, com aumentos de 33,5% e 16,9%, respectivamente. No Sul, espera-se uma elevação de 8,7%. A produção nacional de arroz deve alcançar 12 milhões de toneladas, quase 2 milhões a mais que a safra 2023/24.
Para o feijão, a previsão é de um leve aumento na área plantada, de 2,86 milhões para 2,88 milhões de hectares. A produção total, considerando os três ciclos de cultivo, deve chegar a 3,26 milhões de toneladas, um crescimento de 0,5% em relação ao ciclo anterior.
O algodão também deverá expandir, com a área plantada aumentando 2,9%, totalizando 2 milhões de hectares. A produção, porém, deve se manter estável em 3,7 milhões de toneladas.
O gráfico abaixo mostra a evolução do ritmo das exportações de algodão do Brasil desde janeiro de 2022. Os dados são do DataLiner.
Exportações de Algodão | Jan 2022 – Ago 2024 | TEUs
Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração)
Por outro lado, a produção de trigo deve cair. A CONAB revisou para baixo sua estimativa, prevendo uma queda de 6,2%, para 8,26 milhões de toneladas, abaixo da estimativa inicial de 10,2 milhões. Em 2023, foram colhidas 8,09 milhões de toneladas. A revisão se deve às condições climáticas adversas durante a safra, especialmente no Paraná, que enfrentou seca, falta de frio, duas geadas e a disseminação de doenças.
Perspectivas do mercado e especialistas
Ana Luiza Lodi, especialista em inteligência de mercado da StoneX, afirma que a estimativa da CONAB está alinhada às expectativas do mercado. “Nossa projeção é um pouco menor, mas o consenso geral é de que haverá um crescimento mais lento nas áreas plantadas em comparação aos últimos anos”, disse ela, citando a queda nos preços da soja como um dos fatores.
Luiz Fernando Roque, analista da Safras & Mercado, está mais otimista quanto à colheita de soja, considerando a previsão da CONAB conservadora. Ele estima uma produção de 171,8 milhões de toneladas, com produtividade superior.
Roque também destacou que um evento de La Niña mais fraco e curto pode favorecer o desenvolvimento das culturas. “As previsões de chuva para outubro e novembro são regulares e, se confirmadas, o Brasil poderá maximizar seu potencial de produção”, afirmou.
Fonte: Valor International
Por Fernanda Pressinott, Isadora Camargo, Cibelle Bouças -Globo Rural
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