Consumo de café na China dispara no embalo de cafeterias, favorece vendas do Brasil
dez, 29, 2023 Postado porSylvia SchandertSemana202346
As exportações de café brasileiro para a China, superaram 1 milhão de sacas pela primeira vez em um ano, de acordo com a Cecafé. O consumo de café na China aumentou em dois dígitos na temporada 2022/23, impulsionado pela expansão das cafeteiras em várias das grandes cidades do país em meio a uma demanda crescente dos chineses mais jovens, o que tem favorecido embarques do Brasil, maior exportador global.
O volume de café consumido pela China na temporada 2022/23 (outubro-setembro) cresceu 15% ante o ano anterior para 3,08 milhões de sacas de 60 kg, de acordo com dados da Organização Internacional do Café (OIC) obtidos pela Reuters. Já o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) vê o consumo chinês em 5 milhões de sacas na nova temporada (2023/24).
Enquanto isso, as exportações de café brasileiro para a China superaram 1 milhão de sacas pela primeira vez em um ano, de acordo com dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), que agora coloca o gigante asiático como o oitavo principal destino do grão nacional.
“A China é uma realidade, não é algo pontual, podemos ter muitas surpresas com China ainda, sem dúvida nenhuma”, disse o diretor-geral do Cecafé, Marcos Matos, à Reuters.
O país asiático importou 1,152 milhão de sacas no acumulado deste ano até novembro, mais do que triplicando suas importações frente ao mesmo período de 2022, segundo dados do Cecafé.
O gráfico abaixo usa dados DataLiner da Datamar para mostrar o volume de exportações de café para a China de janeiro de 2019 a novembro de 2022. Confira abaixo mais detalhes:
Exportações brasileiras de café para a China | Jan 2019 – Nov 2022 | WTMT
Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração)
Apesar do forte crescimento, em meio a uma disputa das redes de cafeterias pelos clientes, a China ainda tem um consumo relativamente modesto para o tamanho do país e quando se compara com os volumes dos dois maiores consumidores, os Estados Unidos e o Brasil, que demandam mais de 20 milhões de sacas por ano.
Entretanto, de acordo com o USDA, a nação asiática já será o sétimo maior consumidor mundial em 2023/24. O avanço no consumo ainda destaca o potencial da China para aumento da demanda e reflete uma mudança cultural sobre o hábito de beber café semelhante à vista em outros países asiáticos, como Japão e Coreia do Sul.
“A China tem muitos espaços… Mesmo exportar 1 milhão de sacas, pelo tamanho da China, com muitas regiões metropolitanas, cabe tanta coisa a mais”, opinou Matos.
As exportações brasileiras para a China em 2023 deverão representar um volume mais de dez vezes maior na comparação com 2017, quando o Brasil exportou apenas 82,56 mil sacas, segundo dados do Cecafé.
Esse aumento se dá muito pelas mudanças culturais relacionadas à população mais jovem, atraída por hábitos ocidentais.
“A maioria das pessoas no interior da China ainda bebe apenas chá, mas a geração mais jovem, os estudantes universitários, as pessoas que viajaram para o exterior, bebem café”, disse Jeffrey Young, CEO do Grupo Alegra, uma empresa que organiza feiras de café em todo o mundo e publica dados sobre o mercado.
“É a geração jovem que vai impulsionar o consumo daqui para frente”, afirmou.
Segundo o Alegra, a China superou recentemente os EUA como o país com o maior número de cafeterias de marca no mundo, crescendo surpreendentes 58% nos últimos 12 meses, para 49.691 pontos de venda.
Matos, do Cecafé, destacou que o crescimento do consumo na China é puxado pelos jovens, mulheres e por aquelas pessoas que circulam nos ambientes corporativos das grandes metrópoles.
“O café é símbolo do Ocidente, da cultura ocidental, então por questão de status a pessoa vai à cafeteria, é um local de socialização para encontrar amigos”, comentou.
Ruoxuan Zhao, uma estudante de 19 anos de Pequim, disse sentir que o café tem mais a ver com o estilo de vida acelerado dos jovens na China, onde cafeína é apreciada.
“Tomo café todos os dias. Comecei a beber quando fui para a faculdade”, disse Zixi Zhao, uma estudante de Pequim de 20 anos. “Em geral, não bebo muito chá, mas minha mãe, meu pai, minha avó, todos bebem chá”, disse ele.
O diretor-geral do Cecafé disse que o Brasil tem aproveitado este impulso das mudanças culturais, tendo concluído recentemente uma parceria com a rede chinesa de café Mellower para promover o grão brasileiro em áreas metropolitanas.
Ele comentou ainda que o Cecafé esteve conversando com a Luckin Coffee, maior rede de café da China, visando um projeto semelhante.
Café de alta qualidade
Stephen Hurst, fundador da Mercanta, um comerciante de cafés especiais com operações na Ásia e na China, disse que além do forte crescimento em volume, outro aspecto da indústria cafeeira na China é que as lojas e os consumidores procuram grãos de alta qualidade.
“Eles procuram variedades incomuns, premiadas, raras e processos de produção inovadores”, disse ele, acrescentando que esta também é uma característica do mercado asiático em geral.
Matthew Barry, analista de bebidas da Euromonitor, disse que há uma competição acirrada entre redes locais, que tentam abocanhar a maior fatia possível do mercado em crescimento, e empresas estrangeiras como a Starbucks, que abriu mais de 700 lojas na China só no ano passado.
O Alegra estima que a chinesa Luckin Coffee adicionou 5.059 lojas nos últimos 12 meses, enquanto outra rede chinesa, a Cotti Coffee, abriu 6.004 pontos de venda no período.
“A escala da oportunidade é tal que ambas (cadeias locais e internacionais) terão de ser muito agressivas no confronto umas com as outras e penso que isso deverá garantir um mercado muito dinâmico nos próximos anos”, disse Barry.
O presidente-executivo da Luckin, Jinyi Guo, disse durante a conferência de resultados do terceiro trimestre da empresa que “conquistar participação de mercado” era um dos principais objetivos das empresas.
A Luckin abriu 2.400 lojas somente no terceiro trimestre, elevando o número total de pontos de venda no país para mais de 13.200.
Fonte: Compre Rural
Para ler a reportagem original, acesse: https://www.comprerural.com/consumo-de-cafe-na-china-dispara-no-embalo-de-cafeterias-favorece-vendas-do-brasil/
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