Corte em tarifas de importação seria positivo, diz Ipea
fev, 08, 2022 Postado porSylvia SchandertSemana202206
Um corte de 50% das tarifas de importação no Brasil – unilateral ou acompanhado pelos demais sócios do Mercosul – faria o país perder quase US$ 11 bilhões em saldo comercial acumulado até 2025, mas elevaria exportações e importações, afetando positivamente o PIB e ajudando a segurar os índices de inflação.
As informações fazem parte de nota técnica do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), recém-concluída e ainda inédita, que avalia diferentes possibilidades de redução tarifária no âmbito do Mercosul e até mesmo o eventual fim da união aduaneira
“Em síntese, o principal resultado deste estudo é evidenciar que a redução tarifária seria benéfica para o Brasil e para os demais países do Mercosul, em termos agregados e de bem-estar, ainda que traga mudanças relevantes na estrutura setorial da produção e do comércio exterior dos países, além de redução significativa do comércio intrabloco”, afirmam os três autores da nota técnica – Fernando Ribeiro, Alicia Cechin e Gerlane Andrade.
Entre 22 setores pesquisados, oito ou nove – dependendo do cenário – teriam aumento da produção industrial. A maior alta estaria em equipamentos de transporte, devido à queda de custos com insumos importados, além de ganhos mais modestos em cadeias ligadas a commodities (carnes, sementes oleaginosas, produtos de madeira, petróleo e gás).
Muitos setores da indústria de transformação, porém, teriam queda de produção com o corte tarifário – especialmente aqueles com alíquotas consideradas “excessivas” ou maior conteúdo tecnológico. É o caso de têxteis e vestuário, equipamentos elétricos, produtos químicos, eletrônicos, máquinas, veículos e peças.
O Brasil poderá importar de parceiros extra-Mercosul entre US$ 13 bilhões e US$ 14 bilhões a mais do que no cenário-base, respectivamente, se reduzir suas tarifas em 50% junto com os demais sócios do bloco ou sozinho.
O saldo positivo para a economia, segundo os pesquisadores, se dá na observação de diversos outros números. Na simulação de corte tarifário por todos os países do Mercosul, haveria ganhos no PIB acumulado até 2025 (0,12%), formação bruta de capital fixo (4,13%), salários reais (0,33%) e na inflação (-0,57%).
Em caso de redução das tarifas apenas pelo Brasil, sem concordância dos demais sócios, também haveria ganhos: PIB (0,13%), formação bruta de capital fixo (4,29%), salários reais (0,37%), inflação (-0,42%). “Tais benefícios seriam praticamente iguais caso a redução fosse feita unilateralmente, com o fim da união aduaneira, ou em conjunto com o Mercosul”, afirmam os autores.
Em 2021, o governo Jair Bolsonaro obteve aval da Argentina para reduzir em 10% a Tarifa Externa Comum (TEC), para um universo de 87% dos produtos. A intenção é promover uma nova rodada.
Fonte: Valor Econômico
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