Crescem as exportações de tilápia
fev, 23, 2022 Postado porSylvia SchandertSemana202208
O Brasil é o quarto maior produtor de tilápia e o país com mais potencial de crescimento do mundo na área. A piscicultura vem avançando exponencialmente há pouco mais de uma década, e as exportações, que começaram há cerca de cinco anos, acompanham a tendência, trazendo momento de virada para o setor.
A receita de exportações do segmento cresceu 78% em 2021 em relação a 2020, somando U$ 20,7 milhões. Em volume, o crescimento foi de 49% sobre o ano anterior, com 9,9 mil toneladas embarcadas. As vendas de filé congelado aumentaram 573% em 2021 no mesmo comparativo. Este é o segundo produto com maior valor agregado na piscicultura, atrás apenas dos filés frescos.
Os atuais compradores da tilápia brasileira são Estados Unidos (64%), Colômbia (9%), e China (8%). Chile e Canadá também compram o peixe do País, principalmente em filés frescos ou congelados. “Hoje, mais da metade do volume exportado tem como destino os Estados Unidos, mas a tendência é de diversificação dos destinos”, disse o pesquisador da Embrapa Pesca e Aquicultura, Manoel Pedroza. Embrapa é a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária.
Em 2021, a produção de peixes de cultivo no Brasil foi de 841.005 toneladas, sendo 63,5% de tilápia, e o restante de outras espécies, com destaque para o tambaqui, tambacu, pintado, carpa e pirarucu, todos voltados para a alimentação, informou o presidente da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), Francisco Medeiros. Esse volume representa um crescimento de 4,7% sobre o ano anterior. Só de tilápia, foram 534.005 toneladas, alta de 9,8% sobre 2020. Os reservatórios de hidrelétricas têm capacidade para produção de cerca de 3,5 milhões de toneladas por ano, o que tornaria o Brasil o maior potencial produtor de tilápia do mundo.
“A cadeia da tilápia e dos demais peixes de cultivo é muito nova no Brasil, tem mais ou menos 15 anos, mas está crescendo muito e tendo muito investimento privado, e as empresas estão voltadas para o mercado externo, já que a redução do poder de compra limita a expansão interna, ainda mais nesse momento de crise”, declarou Pedroza.
A exportação no ano passado foi de quase 10 mil toneladas, nem 5% da produção. O potencial para exportar é muito grande. Desde 2019, houve uma desoneração de imposto federal para a tilápia que reduziu o custo de exportação em torno de 10%. Então, as grandes empresas de proteína animal, que já exportam volumes massivos de frango, principalmente, começaram a investir no setor das fish farms, como as cooperativas Copacol e CVale, do Paraná. Dessa forma, a produção vem sendo ampliada ano a ano.
“Essas cooperativas já exportam muito frango para os países árabes, mas peixe, ainda é um volume muito pequeno”, disse Pedroza. Agora, a piscicultura está se tornando o foco das exportações para essas empresas, que inclusive já têm a logística adequada para vender ao exterior.
A Peixe BR, que representa atualmente 70% das empresas do setor no País, tem projeto setorial junto à Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) para que as empresas que querem exportar participem de feiras internacionais, rodadas de negócios e estudos setoriais.
Onde estão
O primeiro produtor de tilápia do mundo é a China, seguido por Filipinas, Egito e Brasil. O Paraná é atualmente o estado brasileiro que mais produz peixes de cultivo, seguido por São Paulo, Bahia, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Pernambuco. Mais da metade das empresas exportadoras se concentram entre São Paulo e Paraná.
A Embrapa Aquicultura foi estabelecida em Palmas, em Tocantins, há dez anos. Pedrosa explicou que o estado ainda não é grande produtor, mas tem enorme potencial por ter grandes produções de soja e milho e grandes volumes de água.
Fresco ou congelado
A produção de tilápia vem crescendo em torno de 10% ao ano, informou Medeiros, da Peixe BR. Ele estima que a produção aumente entre 10% e 12% neste e nos próximos anos, principalmente pelo crescimento nas exportações, que ele prevê que devem aumentar 78% ou mais esse ano. Ele informou que, somente em janeiro, o volume de embarques subiu 175% em relação ao primeiro mês de 2021. Esta alta de volume está indo principalmente para os mesmos países compradores, mas junto à Apex-Brasil, Medeiros espera abrir novos mercados.
Cerca de 50% do que é exportado atualmente são filés frescos ou congelados. “Agora, a exportação de filé e tilápia inteira congelados está aumentando. A exportação de filé congelado aumentou 650% ano passado, fato que está modificando toda a cadeia produtiva, porque o filé de peixe congelado é uma commodity internacional e um produto com maior valor agregado, e o Brasil está aproveitando esta oportunidade”, disse o pesquisador Pedroza. O filé fresco viaja de avião, e o congelado pode ir de navio, o que reduz bastante os custos com a logística e torna o produto brasileiro mais competitivo no exterior.
Players como a JBS entraram recentemente na produção de tilápia e pretendem utilizar a marca Seara, a princípio no mercado interno e em um segundo momento, para exportação. “Estamos vivendo um momento de transformação, a tilápia está saindo da cadeia local e passa a se internacionalizar. Os grandes estão entrando agora e trazendo mudanças para o setor”, falou o pesquisador.
Fonte: ANBA – Agência de Notícias Brasil Árabe
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