Crescimento das safras de milho na China e Brasil pode limitar exportações dos EUA
abr, 05, 2024 Postado porGabriel MalheirosSemana202414
A China pode estar se preparando para uma safra recorde de milho em 2024, superando o recorde do ano anterior, apesar dos incentivos governamentais destinados a aumentar as plantações de soja em detrimento do milho.
Isso poderia manter a oferta chinesa de milho abundante o suficiente para reduzir ainda mais a dependência das exportações de milho dos EUA, especialmente com uma possível recuperação da produção no próximo ano para o Brasil, um fornecedor relativamente novo de milho para a China.
O adido de Pequim do Departamento de Agricultura dos EUA previu esta semana que a produção chinesa de milho em 2024-25 aumentará 2,4%, para um recorde de 296 milhões de toneladas métricas, com melhores rendimentos e maiores plantações. Isso representaria o quarto recorde consecutivo na produção chinesa de milho, que há quatro anos estava perto de 261 milhões de toneladas.
A segurança alimentar continua a ser uma das principais preocupações da China e a redução da dependência das importações faz parte da estratégia. Espera-se que o milho importado pela China em 2023-24 represente 8% do consumo interno, contra 87% da soja, provocando um aumento dos subsídios aos agricultores para a soja em comparação com o milho em 2024-25.
Os agricultores chineses ainda esperam lucros mais elevados para o milho do que para a soja, especialmente tendo em conta as recentes melhorias nos rendimentos do milho e o potencial crescimento adicional oferecido pelas sementes geneticamente modificadas (GM), apenas recentemente introduzidas.
O USDA estima que apenas 1,5% da área de milho da China em 2024-25 será cultivada com sementes geneticamente modificadas, embora esse número possa atingir até 15% nos próximos dois anos.
Não está claro se uma maior expansão da colheita de milho da China acabará por reduzir as importações do país, que têm sido historicamente fortes nos últimos quatro anos, apesar das colheitas abundantes. O adido do USDA projeta que as importações chinesas de milho entre 2024 e 2025 sejam de 20 milhões de toneladas, abaixo dos 23 milhões deste ano.
O Brasil tem sido o principal fornecedor de milho da China desde que os navios brasileiros começaram a chegar lá no início de 2023, impulsionando as exportações dos EUA, que estavam aquecidas desde que a China começou a comprar grandes volumes de milho dos EUA em meados de 2020.
O adido do USDA em Brasília esta semana estimou a produção brasileira de milho para 2024-25 em 6% em relação a este ano, em um retorno aos rendimentos normais e uma área ligeiramente superior. No entanto, uma colheita menor para 2023-24, a maior parte da qual ainda está a ser cultivada, poderia manter os preços do milho brasileiro mais elevados e favorecer os exportadores rivais.
O gráfico a seguir mostra o volume de exportação de milho brasileiro de janeiro de 2022 a fevereiro de 2024. Os dados vêm do serviço de inteligência de comércio marítimo de alto nível DataLiner, desenvolvido pela Datamar.
Exportações Brasileiras de Milho | Jan 2022 – Fev 2024 | WTMT
Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração)
A queda dos preços do milho nos EUA pode ser a passagem dos exportadores norte-americanos para a China e outros mercados, enquanto a oferta brasileira é menor. Os preços do milho chinês estão muitas vezes bem acima dos globais, pelo que preços suficientemente baixos no exterior podem fazer com que os compradores chineses prefiram as importações, mesmo quando a oferta interna é abundante.
O RITMO DOS EUA
Dados do Census Bureau divulgados na quinta-feira mostraram que as exportações de milho dos EUA em fevereiro atingiram o maior nível em nove meses, de 5,37 milhões de toneladas, um aumento de 64% em relação ao ano passado e seguramente acima da média de cinco anos. Março-maio é o período mais movimentado para os embarques de milho dos EUA, e isso foi destacado nos números de exportação da semana passada.
Os números do USDA divulgados na quinta-feira colocaram as exportações de milho dos EUA na semana encerrada em 28 de março em uma alta anual de 1,64 milhão de toneladas, bem acima dos 1,43 milhão relatados na segunda-feira como inspecionados para exportação durante a mesma semana.
No entanto, quase nenhum volume de milho dos EUA em fevereiro foi para a China, e apenas duas cargas foram embarcadas para lá no mês passado. Em 28 de março, apenas 157.100 toneladas de milho comprado nos EUA ainda aguardavam envio para a China em 2023-24, o valor mais baixo para essa data em sete anos.
Potencialmente útil para os exportadores dos EUA é o recuo nas exportações brasileiras de milho no mês passado. O Brasil informou na quinta-feira que as exportações de milho para março foram de 431.307 toneladas, dois terços mais leves do que há um ano. Menos de 20% foram para a China.
Reportagem original escrita por Karen Braun para a Reuters
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