Economia

Crise cambial na Argentina prejudica exportações brasileiras

nov, 13, 2023 Postado porSylvia Schandert

Semana202342

A crise cambial na Argentina agravou a dificuldade de exportação da indústria brasileira. Por causa da seca no país vizinho, a soja se tornou o principal produto exportado, à frente dos automóveis pela primeira vez.

A Associação de Comércio Exterior do Brasil estima que o país tenha deixado de vender cerca de R$ 6 bilhões até setembro, levando em conta os valores que são negociados atualmente.

O presidente da entidade, José Augusto de Castro, faz a projeção com base no histórico das exportações à Argentina: “Até setembro nós exportamos para a Argentina US$ 14,9 bilhões. Mas se eu verificar em 2017 eu exportei 17 bilhões, que já tinha crise também. Nos últimos anos, o que não faltam são crises. Se a gente voltar a um passado mais ainda anterior a 2000, as exportações chegavam a 20 bilhões. Hoje mais ou menos 40%, estima-se, que se não fosse a crise na Argentina, a gente estaria exportando a mais para a Argentina”.

Em 2023, pela primeira vez na história, a Argentina deixou de ser o principal comprador de veículos do Brasil e foi ultrapassada pelo México. As exportações para o país vizinho caíram 17% no ano e 36% em outubro.

Confira abaixo as exportações conteinerizadas do Brasil para a Argentina no período de janeiro de 2019 a setembro de 2023. Os dados foram coletados pela equipe de Business Intelligence da Datamar.

Exportações de contêineres para Argentina | Jan 2019 – Set 2023 | TEU

Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração) 

A crise fez o setor rever a projeção de queda das exportações para este ano de 2,9 para 12,7%.

O presidente da Anfavea, que representa as montadoras, Marcio Lima Leite, acrescenta que o Brasil ainda enfrenta a competitividade com a China, com quem a Argentina usa o yuan para as operações:

“Como há uma limitação de dólares para pagamentos das exportações brasileiras, isso acaba dificultando um pouco mais as nossas exportações. Coisa que não acontece quando se trabalha na moeda chinesa, porque existe um acordo e uma facilidade maior para pagamentos”.

A pedido do jornal La Nación, a consultoria argentina Abeceb estimou em US$ 43 bilhões a dívida de empresas do país com importações não pagas, praticamente o dobro do que havia no fim de 2021. A queda das reservas cambiais fez as exportações de calçados caírem 37% em setembro em relação ao mesmo mês do ano anterior.

O presidente executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, diz que algumas empresas desistiram de exportar para não ter que esperar o prazo de seis meses para o governo argentino liberar os dólares para as operações de importação:

“As empresas que exportam para lá já conhecem de muitos anos os seus distribuidores lá, então isso acontece. O difícil para a nossa indústria é que ela está financiando em até 180 dias a exportação dela. Mas é uma opção da empresa. Por isso algumas empresas pararam de exportar para a Argentina. As outras, que têm relacionamento há muitos anos, têm distribuidores, é um ótimo mercado consumidor, continuam financiando esses 180 dias”.

As dificuldades cambiais se somam à espera pelo segundo turno da eleição presidencial, marcado para o dia 19 de novembro. Enquanto o anarcocapitalista Javier Milei defende a saída do Mercosul, o atual ministro da Fazenda, Sergio Massa, representaria a manutenção da atual política econômica.

Fonte: CBN

Para ler a reportagem original, acesse: https://cbn.globoradio.globo.com/media/audio/424771/crise-cambial-na-argentina-prejudica-exportacoes-b.htm

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