Crise hídrica ameaça o escoamento da safra pela hidrovia Tietê-Paraná
jun, 29, 2021 Postado porSylvia SchandertSemana202127
O crescimento ininterrupto do Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio nos últimos anos e a boa perspectiva adiante estão sob risco por causa de gargalos logísticos no escoamento da safra e das deficiências no transporte, que não acompanham a revolução tecnológica que acontece porteira adentro, segundo a Confederação Nacional da Agricultura (CNA).
Elisangela Pereira Lopes, assessora técnica da comissão nacional de logística e infraestrutura da CNA, avalia que as próximas safras enfrentarão dois graves problemas. Um refere-se à capacidade dos portos, que, segundo ela, está próximado nível de saturação. O outro, mais sério, será a interrupção da hidrovia Tietê-Paraná, prevista para julho por causa de crise hídrica.
Segundo Elisangela, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) já ameaçou interromper o transporte por aquela hidrovia por causa da falta de água, que será revertida para a geração de energia. Ela lembra que em 2013 a paralisação do transporte de 6,5 milhões de toneladas pela Tietê-Paraná provocou prejuízos superiores a R$ 1 bilhão. Hoje, são 12 milhões de toneladas que transitam por ela.“Estamos muito preocupados com a decisão do ONS”, diz a assessora da CNA. Segundo ela, com o nível baixo de água seriam necessárias obras urgentes de dragagem para melhorar trechos do canal, mas o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) só conta com R$ 50 milhões por ano para isso,sendo que as obras exigem pelo menos R$ 300 milhões a cada ano.
A Cargill também elenca a necessidade de melhores condições de navegação em outros rios, como o Madeira, que necessita de dragagem, e o Tapajós e o Amazonas,que precisam de calados mais profundos, melhor sinalização e composições maiores para a escalabilidade, velocidade e custos menores que elevariam a competitividade da produção.
“Ainda mais importante é a profundidade autorizada para navios na saída norte do Amazonas em direção ao Atlântico. Hoje, o rio conta com profundidade de somente 11,7 metros, mas pode ser substancialmente melhorada. Arriscaria dizer que o Brasil perde entre 50 cm e 80 cm de carga/calado devido às incertezas de navegação naquela região”, diz Ricardo Nascimbeni, diretor de supply chain da Cargill no Brasil.
Fonte: Valor Econômico
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