Déficit global de açúcar se intensifica com a preferência do Brasil por etanol

A região centro-sul do Brasil produzirá menos açúcar do que o esperado na nova temporada iniciada em abril, segundo a corretora de commodities INTL FCStone. Os altos preços do petróleo e, portanto, os preços da gasolina no país fizeram com que as usinas de cana favorecessem a produção de etanol sobre a produção de açúcar.

“Olhando para os preços do petróleo e do açúcar desde o início deste ano, percebe-se que o petróleo subiu 35%, enquanto o açúcar caiu 5%”, disse a FCStone.

O órgão reduziu sua estimativa de produção de açúcar para o principal cinturão de produção do Brasil para 27,8 milhões de toneladas, em comparação com uma estimativa anterior de 29,5 milhões de toneladas em março. De acordo com o grupo açucareiro Unica, as usinas da região centro-sul do país utilizaram apenas 30,83% de cana-de-açúcar na segunda quinzena de abril (abril), comparado a 35,57% utilizadas no mesmo período do ano passado. A preferência pelo etanol, aliada aos atrasos na colheita da cana-de-açúcar, fez com que a produção de açúcar do país na América do Sul caísse 32,86% para 1,03 millhões de toneladas em abril de 2019, ano a ano. “Se a produção de açúcar por tonelada de cana de açúcar fosse a mesma do ano passado, a produção total chegaria a quase 1,7 milhão de toneladas”, disse o diretor técnico da Unica.

A FCStone reajustou a produção de etanol do Brasil para 29,1 bilhões de litros na safra 2019/20, de 27,6 bilhões de litros estimados em março.

De acordo com dados da INTL FCStone divulgados nesta terça-feira, o déficit global de açúcar atingirá 5,7 milhões de toneladas no ciclo 2019/20, de apenas 0,3 milhão de toneladas no ciclo anterior. Além da redução da produção do Brasil, o corretor espera que a produção de açúcar também caia na Índia, Tailândia e China. No entanto, estoques de açúcar de 74 milhões de toneladas devem limitar os aumentos nos preços do açúcar.

O gráfico a seguir (baseado nos dados da Unica) mostra os padrões de produção de açúcar e etanol do Brasil nas últimas seis temporadas:

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