Déficit na balança comercial de químicos soma US$ 35,8 bilhões até setembro
out, 26, 2023 Postado porGabriel MalheirosSemana202343
Apesar da deflação mundial no segmento, a balança comercial de produtos químicos apontou déficit de US$ 35,8 bilhões entre janeiro e setembro, maior que o saldo negativo anual registrado em todos os anos anteriores, com exceção dos recordes de US$ 64 bilhões, de 2022, e US$ 46,2 bilhões, em 2021. As informações estão em relatório da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim).
Para 2023, a entidade projeta o segundo pior déficit da história, de US$ 48 bilhões, puxado pelo crescimento constante das importações em volume. O saldo negativo acumulado até setembro é resultado de importações de US$ 46,7 bilhões e exportações de US$ 10,9 bilhões.
Segundo a Abiquim, nos últimos três meses, as quantidades de produtos químicos importados superaram a marca de 5 milhões de toneladas, “em um contexto alarmante de surtos de aquisições predatórias e desleais”. Esses volumes têm vindo principalmente da Ásia, que se beneficiou da queda dos preços de matérias-primas petroquímicas com a guerra no leste europeu.
No ano até setembro, houve salto expressivo nos volumes importados de plastificantes (76,6%), resinas termoplásticas (18%), produtos petroquímicos básicos (12,3%), intermediários químicos para detergentes (6,7%), entre outros produtos químicos diversos para uso industrial (14,4%), aponta a associação.
As exportações, por sua vez, permanecem estáveis desde o início do ano, com vendas médias de US$ 1,3 bilhão, relativas às expedições de 1,2 milhão de toneladas.
Em nota, a diretora de economia e estatística da Abiquim, Fátima Giovanna Coviello Ferreira, afirma que o “agravamento das tensões geopolíticas internacionais está na base de um anômalo e intenso surto de importações de produtos químicos vindos de países asiáticos com competitividade artificialmente sustentada em insumos (gás natural e energia) e matérias-primas russas”. A China é hoje o principal destino de exportações de óleo e gás da Rússia.
“A superação do particularmente crítico momento para o setor depende de um conjunto de ações pragmáticas e de alto impacto no curto prazo quanto ao acesso às matérias-primas e insumos energéticos em condições equivalentes àquelas dos principais players mundiais”, afirma a executiva.
Para a indústria, essas iniciativas devem ser combinadas com as políticas prioritárias na agenda de comércio exterior, incluindo o fim imediato da redução de 10% na alíquota do imposto de importação de produtos químicos, aplicada unilateralmente pelo país.
A executiva defende ainda a “efetivação de uma Lista de Elevações Transitórias à Tarifa Externa Comum do Mercosul, que contemple os produtos químicos que mais sofreram com um surto predatório de aumento de mais 60% no volume das suas importações, com reduções de preços superiores a 30%, em um movimento totalmente atípico em relação aos outros mercados de origem”.
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