Demanda surpreende na China e puxa nova rodada de aumento de preços da celulose
out, 19, 2023 Postado porGabriel MalheirosSemana202341
Palco de aumentos de preço mensais para a celulose de eucalipto desde junho, a China surpreendeu produtores e analistas e tem mostrado demanda mais forte do que a esperada pela fibra. Nos oito primeiros meses do ano, segundo o Pulp and Paper Products Council (PPPC), os embarques para o país asiático cresceram quase 22% — em agosto o salto foi de 42,4% —, alimentando sucessivas e bem-sucedidas rodadas de reajuste, que se refletem também nos mercados europeu e americano, onde a procura segue enfraquecida.
A Suzano, maior produtora de celulose de mercado do mundo, anunciou na terça-feira (17) novos aumentos para fibra de eucalipto para novembro em todas as regiões. Será o sexto mês de alta na China e o terceiro mês na Europa e na América do Norte. Os reajustes variam de US$ 50 a US$ 80 por tonelada e indicam que a rodada de outubro, também em todos os mercados, foi integramente implementada.
Conforme a companhia brasileira, estoques em queda em portos de diferentes países, demanda de celulose e papel aquecida e o spread entre fibra curta e fibra longa acima dos níveis históricos dão base ao novo aumento.
“A China está levando o time nas costas, mais do que compensando as quedas na Europa e nos Estados Unidos”, diz o analista Daniel Sasson, do Itaú BBA, referindo-se aos dados mais recentes do PPPC. Enquanto os embarques no ano crescem 21,7% na China, para 12,94 milhões de toneladas, Europa e América do Norte exibem quedas de 18,5% e 8,9%, respectivamente, para 7,28 milhões de toneladas e 4,77 milhões de toneladas.
No país asiático, indicou a Suzano, a demanda de celulose e papel está aquecida, levando a um aumento de dois dígitos na produção em relação ao mesmo período do ano passado. Maiores exportações de papel e retomada do consumo após a pandemia explicam esse comportamento.
Desta vez, o aumento será de US$ 50 na China, levando a US$ 160 por tonelada o total anunciado desde o fim de maio. Considerando-se que o preço líquido da fibra curta (BHKP), medido pelo índice PIX da Fastmarkets, estava em cerca de US$ 578 por tonelada na semana passada, o valor da matéria-prima chegaria a US$ 630 por tonelada em novembro.
Para Sasson, a intensidade do reajuste surpreendeu. A expectativa era de anúncios de US$ 20 por tonelada, para novembro e depois dezembro. “Esses US$ 50 de uma vez, em novembro, mostram que, na percepção da empresa, o mercado está mais apertado no curto prazo do que a gente imaginava.”
Um movimento generalizado de recomposição de estoques da matéria-prima e o êxito das papeleiras chinesas em aplicar reajustes, com recuperação das margens, explicam a demanda recente mais forte, diz o analista.
Em relatório da semana passada, o Bank of America (BofA) elevou a expectativa para o preço da fibra curta no ano de US$ 588 por tonelada para US$ 603 por tonelada. “Apesar do provável aumento da oferta de celulose, vemos poucas chances de pressão nos preços, uma vez que o patamar atual está bem próximo do suporte do custo de produção”, escreveram analistas liderados por Caio Ribeiro.
Para Sasson, do Itaú BBA, há espaço, sobretudo na China, para aplicação de boa parte do novo reajuste e a tendência é que esse movimento seja acompanhado pela Europa e América do Norte, de maneira que a diferença de preços entre as regiões não fique tão acentuada. Em 2024, porém, com a capacidade adicional do projeto Mapa, da Arauco, a nova fábrica da UPM rodando a plena capacidade e a entrada em operação do Projeto Cerrado, da Suzano, a tendência é de pressão para baixo sobre os preços.
Na Europa, informou a Suzano, o reajuste em novembro será de US$ 80 por tonelada, levando a US$ 980 por tonelada o preço lista. Da mesma forma, o aumento na América do Norte é de US$ 80, elevando a US$ 1.170 por tonelada o preço de referência.
Conforme a Suzano, houve retomada dos pedidos por parte das papeleiras europeias, indicando o fim da desestocagem da cadeia de papel. Além disso, paradas inesperadas em fábricas, sobretudo nos produtores de alto custo, afetaram a oferta de celulose de fibra curta e de fibra longa, com diferencial de preços que incentiva a migração para o primeiro tipo de celulose.
Fonte: Valor Econômico
Para ler a matéria original, acesse: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2023/10/19/demanda-surpreende-na-china-e-puxa-nova-rodada-de-aumento-de-precos-da-celulose.ghtml
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