Derivados de soja no Brasil e Argentina enfrentam problemas no fornecimento
jan, 10, 2023 Postado porGabriel MalheirosSemana202302
Condições adversas climáticas afetaram o plantio de soja na Argentina, o maior exportador mundial de farelo e óleo de soja, assim como o segundo maior fornecedor global, o Brasil, que se prepara para aumentar a fatia de óleo vegetal na mistura de biodiesel e, com isso, reduzir a oferta global de derivados de soja em 2023.
A Argentina e o Brasil respondem por mais da metade da oferta mundial de óleo de soja e farelo.
Diversos players no mercado de derivados de soja estão preocupados com a perspectiva de que a estimativa anunciada pelo Departamento de Agricultura dos EUA de esmagamento de soja na Argentina (39,75 milhões de toneladas) e produção (49,50 milhões) no ano comercial 2022-23 não alcancem as expectativas porque a produtividade deve cair à medida que o país enfrenta impactos climáticos relacionados ao fenômeno La Niña pelo terceiro ano consecutivo.
O plantio de soja atualmente na Argentina está progredindo em um ritmo mais lento do que no ano-safra 2021-22. O plantio de soja estava cerca de 60,6% concluído em 21 de dezembro, 12,6 pontos percentuais abaixo, de acordo com dados da Bolsa de Rosario.
A falta de umidade do solo e as altas temperaturas dificultaram as atividades de campo, disse a Bolsa de Grãos de Buenos Aires, ou BAGE, em um relatório recente.
Os agricultores não estão certos quanto ao ritmo das vendas de soja argentina em 2023, após duas rodadas bem-sucedidas do Programa de Incremento das Exportações (soy dolar) que deve aumentar os embarques e as reservas do Banco Central Argentino.
Veja abaixo o histórico das exportações de soja e farelo de soja (hs 1201) da Argentina registradas entre janeiro de 2019 e novembro de 2022. Os dados são do DataLiner.
Exportação de soja e farelo de soja da Argentina | jan 2019 – nov 2022 | TEUs
Fonte: DataLiner (clique aqui para registrar uma demonstração)
Aumento no biodiesel
A demanda doméstica brasileira por óleo de soja deve aumentar em 2023 depois que o Conselho Nacional de Política Energética do país aumentou, em novembro, a taxa de mistura de óleo vegetal no biodiesel de 10% para 15% a partir de abril de 2023. Esta ação potencialmente pressionará as exportações de óleo de soja do país, disseram os comerciantes.
A organização estadunidense Foreign Agricultural Service elevou, em 9 de dezembro, sua projeção para o consumo doméstico de óleo de soja no Brasil de 7,5 milhões para 7,83 milhões de toneladas no ano comercial 2022-23. A estimativa do USDA para a produção brasileira de soja é de 152 milhões de toneladas, ou 20% a mais no ano, já que área de plantio está a ponto de atingir um recorde de 42,90 milhões de hectares.
“Há um interesse global no óleo de soja devido à escassez de óleo vegetal, então eu acho que qualquer aumento na mistura obrigatória [do biodiesel] pode ser considerado favorável localmente,” disse o chefe de análise de grãos e oleaginosas da S&P Global Commodity Insights, Peter Meyer.
Alguns traders e esmagadores de soja brasileiros esperam que os volumes de esmagamento de soja brasileira em 2022-23 atinjam um recorde de 51,8 milhões de toneladas, acima dos 50,7 milhões de toneladas em 2021-22, após margens de esmagamento atraentes no ano anterior ocasionadas pela maior demanda no setor de óleo vegetal e pela redução da disponibilidade de óleo de girassol do Mar Negro devido à guerra Rússia-Ucrânia.
As exportações brasileiras de óleo de soja 2022-23 podem cair abaixo de 1 milhão de toneladas por causa da maior taxa de mistura no biodiesel em 2023, em comparação com 2,40 milhões de toneladas no ano comercial 2021-22, de acordo com o USDA.
Demanda incerta
A demanda por óleo de soja nos principais destinos como China, Índia e UE, deve ser moderada em 2023, disseram traders.
Espera-se que as compras chinesas ocorram em um ritmo mais lento devido às interrupções relacionadas ao COVID-19, mas alguns traders esperam que as compras aumentem após o Ano Novo Lunar.
“A demanda chinesa por óleo de soja em 2023 pode se recuperar após a reabertura do país, pois este importa e esmaga a maior parte da soja para uso local,” disse Tushar Agarwal, analista sênior de óleo vegetal. “Devido a uma baixa produção na safra, as importações de soja crua e derivados podem aumentar, já que as importações de petróleo podem subir para 1 milhão-1,5 milhão de toneladas. O mesmo vale para a Índia também.”
Enquanto isso, as importações de óleo de soja da UE caíram após a implementação da Iniciativa de Grãos do Mar Negro, que levou à retomada das compras de óleo de girassol pelo bloco comercial. As importações de óleo de soja no ano 2022-23 (julho-junho) caíram 15,2% no ano para 227.050 toneladas em 18 de dezembro, mostraram dados da Comissão Europeia em 20 de dezembro.
Fonte: S&P Global
Para ler o artigo original completo, acesse: https://www.spglobal.com/commodityinsights/en/market-insights/latest-news/agriculture/010423-soybean-derivatives-supply-under-pressure-in-2023-as-argentina-brazil-face-headwinds
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