Doença de Newcastle: ministério descarta casos suspeitos após exames
jul, 22, 2024 Postado porGabriel MalheirosSemana202430
O ministério da Agricultura informou neste domingo (21/7) que três casos suspeitos para doença de Newcastle foram descartados, após exames apontarem resultado negativo para a enfermidade em amostras coletadas em três propriedades suspeitas. Os estabelecimentos estão localizados na zona de proteção estabelecida pela equipe de vigilância e defesa sanitária animal do Rio Grande do Sul.
As amostras foram coletadas na sexta-feira (19), e os resultados foram apresentados no sábado (20).
Em nota, o ministério disse que os resultados negativos são uma sinalização extremamente positiva sobre a contenção da Doença de Newcastle. Ainda segundo a Pasta, os exames são importantes para resolução rápida da situação, e também reforçam a robustez do sistema de defesa agropecuária do Brasil.
“É um pedido do presidente Lula tratar o caso com total transparência, a fim de tranquilizar a população e os países importadores quanto à segurança do nosso sistema de defesa agropecuária. Tenho certeza que com a agilidade de nossas equipes vamos voltar à normalidade das nossas exportações muito em breve”, disse, na nota, o Ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. Após a confirmação da doença, o governo brasileiro aplicou um autoembargo para exportações de carne de aves e subprodutos para 44 destinos.
Na noite de sexta-feira, o ministério anunciou a suspensão das vendas de produtos avícolas para China, Argentina e México. Do Rio Grande do Sul, as exportações ficam restritas à África do Sul, Arábia Saudita, Bolívia, Cazaquistão, Chile, Cuba, Egito, Filipinas, Peru, Reino Unido, países da União Europeia e da União Econômica Euroasiática, Uruguai e outros. Num raio de 50 km do surto, as exportações são restritas a países como Canadá, Coreia do Sul, Israel e Japão.
A suspensão temporária das exportações deverá impactar de 5% a 7% da produção nacional, estimou a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). O Brasil é o maior exportador mundial de carne de frango e exporta cerca de 430 mil toneladas por mês. Considerando o volume habitualmente adquirido pelos países afetados pela medida, a ABPA estima que 50 mil a 60 mil toneladas de carne de frango terão que ser redirecionadas ao mercado interno ou a outros importadores.
O gráfico a seguir fornece uma visão geral das exportações brasileiras de carne de frango (medidas em TEUs) entre janeiro de 2021 e maio de 2024. Os dados são do DataLiner.
Exportações de carne de aves | Jan 2021 – Mai 2024 | TEUs
Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração)
Uma das grandes preocupações tanto do setor privado quanto do governo federal é a China, maior importador de frango brasileiro.
Porém, também na sexta-feira, o secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Roberto Perosa, disse que as vendas para o país asiático deverão ser retomadas dentro de 15 a 30 dias após o governo comprovar a erradicação do surto da Doença de Newcastle. O relatório com os dados deve ser enviado até esta terça-feira.
Ele disse que mantém contato direto com autoridades sanitárias da Administração Geral das Alfândegas da China (GACC) e que a proatividade do Brasil na aplicação do autoembargo e no cumprimento rigoroso do protocolo bilateral demonstra a credibilidade do sistema nacional de defesa sanitária. Com o autoembargo, a retomada das exportações não exige aprovação da Organização Mundial de Saúde Animal (WOAH), apenas dos importadores, o que pode facilitar a normalização do comércio.
“Devemos enviar o relatório entre segunda e terça-feira e eles nos informaram que vão cancelar rapidamente a suspensão”, disse ao Valor. “Estamos tomando todas as medidas para reduzir o tempo de suspensão das vendas para a China.”
Segundo ele, o país asiático poderá solicitar informações adicionais após receber o relatório. “Mas a China é amplamente receptiva. Disseram que confiam nas autoridades brasileiras e que assim que reportarmos tudo, tomarão todas as medidas necessárias para voltar atrás com o embargo”, acrescentou.
De janeiro a junho, o Brasil vendeu 276 mil toneladas aos chineses no valor de US$ 600,9 milhões. Somente em junho, foram embarcadas 49,2 mil toneladas, gerando receita de US$ 108,2 milhões.
Além do abate sanitário de 7 mil aves na granja integrada à BRF onde o surto foi confirmado, outras medidas foram tomadas pelas autoridades sanitárias estaduais e federais para conter a propagação do vírus, que é altamente transmissível. Essas medidas incluem ações de fiscalização e investigação no entorno do imóvel.
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