Economia do Uruguai se recupera em 2024, mas crescimento deve desacelerar em 2025

A economia do Uruguai cresceu 3,1% em 2024, recuperando-se de uma seca severa no ano anterior, de acordo com dados das contas nacionais divulgados pelo Banco Central do Uruguai (BCU). No entanto, economistas alertam que o crescimento em 2025 deve retornar ao ritmo histórico mais lento do país.

No último trimestre de 2024, o PIB cresceu 3,5% na comparação anual e 0,3% em termos ajustados sazonalmente em relação ao trimestre anterior. A recuperação foi impulsionada por melhores safras agrícolas, forte geração hidrelétrica, aumento do comércio e crescimento na produção de celulose. Esses ganhos foram parcialmente compensados por uma queda na construção civil, principalmente devido à conclusão de um grande projeto ferroviário.

Analistas apontam que, apesar dos números positivos, o cenário reflete uma recuperação e não um crescimento acelerado. “São bons números, mas o Uruguai não está decolando – está se recuperando”, afirmou o economista José Antonio Licandro ao jornal El País. Ele acrescentou que o crescimento em 2025 será “sólido, mas no nosso próprio ritmo”, referindo-se à tendência de expansão mais modesta do país.

Os setores de agricultura, energia e manufatura apresentaram os melhores desempenhos, com a energia crescendo 19,6% e a agricultura 11,3%. Do lado da demanda, o crescimento foi impulsionado principalmente pelo mercado externo, com destaque para um aumento de 8,3% nas exportações.

Para 2025, os economistas preveem uma desaceleração, com projeções variando entre 2% e 2,5%. “Sem efeitos pontuais como a recuperação da seca, esperamos um ritmo mais moderado”, disse Luciano Magnífico, da consultoria Exante.

Alguns economistas também manifestaram preocupação com o consumo das famílias e o declínio dos investimentos. De acordo com Marcelo Sibille, da KPMG, o consumo das famílias cresceu apenas moderadamente em 2024, enquanto o investimento fixo caiu, apesar de uma leve recuperação no segundo semestre.

Os dados atualizados do BCU também revisaram os números de anos anteriores: o crescimento do PIB em 2023 foi ajustado de 0,4% para 0,7%, enquanto o de 2022 foi revisado de 4,7% para 4,5%.

Em 2025, o consumo interno e os investimentos deverão desempenhar um papel mais central no crescimento, especialmente diante de condições externas possivelmente menos favoráveis. “O desafio agora é criar condições para um crescimento mais rápido da renda”, disse Sibille ao El País, destacando a necessidade de políticas que estimulem tanto o investimento quanto a produtividade.

Economistas também ressaltaram a importância das próximas decisões políticas, incluindo taxas de juros, negociações salariais e o orçamento nacional de outubro, na definição do rumo da economia uruguaia.

Com um PIB per capita estimado em US$ 23.500 e um PIB total de cerca de US$ 81 bilhões, o Uruguai continua a apresentar um desempenho sólido em comparação com seus vizinhos. No entanto, conforme destacou o El País, resta a dúvida se o país conseguirá superar seu histórico teto de crescimento modesto.

Fonte: Mercopress

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