Eleições argentinas: Segundo turno entre Massa e Milei
out, 22, 2023 Postado porSylvia SchandertSemana202341
As eleições argentinas contarão com um segundo turno para decidir o próximo presidente do país. Com mais de 90% das urnas apuradas, Sergio Massa e Javier Milei vão disputar a presidência. O ministro da Economia tem 36% contra 30% do candidato de extrema-direita, segundo o Diretório Nacional Eleitoral. Em terceiro lugar aparece Patricia Bullrich, com 23%.
Cerca de 25,9 milhões de argentinos, 74% do eleitorado, compareceram às urnas para escolher o sucessor de Alberto Fernández após uma campanha afetada pela crise econômica e marcada pelo surgimento da extrema direita. A participação caiu sete pontos em relação às eleições presidenciais de 2019.
A Argentina, a terceira maior economia da América Latina, sofre com inflação de três dígitos e uma moeda desvalorizada que deixou 40% da população abaixo da linha da pobreza.
Os argentinos também escolheram deputados, senadores e parlamentares do Mercosul no domingo; as províncias de Buenos Aires, Entre Ríos e Catamarca votaram para eleger seus governadores, e a cidade de Buenos Aires também votou para eleger seu Chefe de Governo. As urnas fecharam às seis da tarde em Buenos Aires.
Os candidatos presidenciais na Argentina têm várias propostas em diferentes áreas. A seguir, são resumidas as principais propostas de cada candidato:
Javier Milei:
• Propõe uma “reforma integral” para revitalizar a economia argentina.
• Busca cortar o gasto público e reduzir impostos.
• Advoga pela flexibilização laboral para fomentar a criação de emprego no setor privado.
• Quer dolarizar a economia, embora essa proposta tenha sido considerada inviável por alguns economistas devido à situação das reservas do Banco Central argentino.
• Promete liquidar o Banco Central e eliminar gradualmente os programas sociais, bem como cortar fundos de aposentadorias e pensões.
• Propõe encolher o Estado reduzindo o número de ministérios e fundindo algumas áreas, enquanto aumenta o orçamento da Defesa Nacional e da Segurança Interna.
• Defende a proteção da criança “desde a concepção”, opondo-se à interrupção voluntária da gravidez.
• Planeja desregulamentar o mercado de armas de fogo e proibir a entrada no país de estrangeiros com antecedentes criminais.
Sergio Massa:
• Busca cancelar 100% da dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
• Propõe implementar um sistema de videovigilância para prevenir e combater o crime, bem como o uso de sistemas via satélite e drones nas fronteiras para combater o tráfico de drogas.
• Aspira a alcançar um “equilíbrio fiscal, superávit comercial, acumulação de reservas e desenvolvimento com inclusão” na economia.
• Advoga pela independência econômica e soberania política.
• Prioriza o acesso à terra, habitação digna e o fortalecimento de empresas públicas nacionais.
• Promove políticas de adaptação e mitigação das mudanças climáticas e uma revolução educacional.
Argentina fora do Mercosul
Diante do risco de Javier Milei ser eleito presidente da Argentina, o Brasil quer antecipar o acordo entre Mercosul e União Europeia. O governo brasileiro avalia que o ideal, agora, é conseguir fechar o acordo antes do segundo turno das eleições argentinas, marcado para 19 de novembro.
A Argentina é o terceiro maior parceiro comercial do Brasil e, como integrante do Mercosul, está participando das negociações para fechar o acordo com a União Europeia.
O gráfico abaixo compara exportações e importações entre Brasil e Argentina de janeiro de 2019 a agosto de 2019. Os dados são do DataLiner.
Exportações e Importações | Brasil-Argentina | Jan 2019 – Ago 2023 | TEU
Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração)
Após sair vitorioso nas primárias de agosto, Milei afirmou que o Mercosul “deve ser eliminado” e que vai priorizar relações com Estados Unidos e Israel. Ele também é contrário à entrada da Argentina no Brics.
O acordo com a União Europeia está sendo negociado por técnicos dos países envolvidos. Alguns pontos ainda estão dificultando que o acordo seja fechado. Entre eles está a questão das compras governamentais, que é um ponto crítico para o Brasil, além dos subsídios para o setor agro, que é a parte mais importante para os europeus.
Na avaliação do Brasil, é necessário envolvimento político, para além do técnico, para conseguir que haja avanço nas negociações nas próximas três semanas. Seria uma forma de não correr o risco de o acordo estagnar, caso Milei seja eleito.
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