Eleições e instabilidade econômica deixam incerto novo “dólar soja” na Argentina
ago, 17, 2023 Postado porGabriel MalheirosSemana202333
Depois de uma forte elevação na taxa oficial de câmbio no início da semana, o governo da Argentina pode não adotar um novo “dólar soja”, a cotação diferenciada para as exportações. A informação foi divulgada pelo jornal “La Nacion”, na terça-feira (15/8), com o país vivendo um cenário de incerteza e de instabilidade após o resultado das eleições primárias, no último domingo (13/8).
“A equipe econômica de Sergio Massa informou aos exportadores que não haverá outro tipo de câmbio especial em setembro próximo, como se especulava no mercado de grãos”, reportou a publicação, atribuindo a informação a “fontes” do governo.
Para o agronegócio argentino, a taxa de câmbio para vendas externas de produtos agrícolas é de 340 pesos por dólar, dentro do Programa de Incremento Exportador. A medida começou a ser aplicada no mercado de soja e estendida para milho, sorgo e cevada, e permanece em vigor até o fim deste mês.
Vitória do “anarcocapitalista”
A votação do último domingo, uma prévia das eleições presidenciais de 22 de outubro, teve como vencedor Javier Milei, da coalizão A Liberdade Avança. Milei é considerado um político de ultradireita.
Em um sinal claro aos produtores rurais, ele já prometeu que, se for eleito presidente, não haverá a cobrança das chamadas retenções, os impostos sobre as exportações agrícolas.
Os principais concorrentes de Milei na corrida presidencial serão Patricia Bullrich, da coalizão Juntos pela Mudança, e Sérgio Massa, pela coalizão União Pela Pátria. Massa é o atual ministro da Economia da Argentina e, ainda de acordo, está pressionado a adotar medidas que tragam dólares para o país.
Turbulência
Ao resultado das primárias, seguiu-se um cenário de nervosismo no país. Já na segunda-feira (14/8), o peso sofreu uma desvalorização de 18% e a Bolsa de Valores de Buenos Aires caiu 14%. O Banco Central da Argentina elevou a taxa básica de juros para 118% ao ano e aumentou em 22% a taxa de câmbio oficial, fixada em 350 pesos por dólar.
Na terça-feira (15/8), o dólar fechou a 347,50 pesos para compra e 366,63 para venda. O chamado dólar blue, negociado no mercado paralelo, chegou a valer 730 pesos.
Mesmo com o cenário econômico instável, o mercado argentino de soja apresentou certa resiliência na terça-feira (15/8), dia de baixa dos grãos na Bolsa de Chicago (EUA).
Em Rosário, as ofertas chegaram a 125 mil pesos por tonelada, alta de 25%, segundo o “La Nacion”, sustentada por uma maior demanda pelo grão no terminal portuário argentino.
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