Em 2022, Brasil importou US$ 5,3 bilhões da Arábia Saudita, um recorde na relação bilateral
mar, 10, 2023 Postado porSylvia SchandertSemana202313
As importações entre Arábia Saudita e Brasil atingiram um recorde em 2022 desde que há registros: foram US$ 5,3 bilhões.
Antes, o valor mais alto havia sido registrado em 2014: US$ 3,3 bilhões. Os dados disponibilizados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) vão até 1997.
Analistas consultados pela BBC News Brasil listam como explicações para o recorde a alta mundial nos preços do petróleo e de outros produtos devido aos efeitos da pandemia de covid-19 e da guerra da Ucrânia, mas também a aproximação entre Brasil e a Arábia Saudita durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), de 2019 a 2022.
Após uma queda brusca no primeiro ano da pandemia (2020), as importações vindas da Arábia Saudita voltaram a crescer em 2021, ficando em US$ 2,9 bilhões. De 2021 para 2022, o valor importado subiu 84%. Os valores são nominais, ou seja, não consideram a variação da inflação.
Nada menos que 60% do valor das importações de 2022 foram de óleos brutos de petróleo e de minerais betuminosos; 16% de adubos e fertilizantes químicos; e 14% de óleos combustíveis de petróleo e de minerais betuminosos. O restante dos percentuais é composto por produtos intermediários da indústria.
De 2021 a 2022, o valor importado apenas de óleos brutos e minerais betuminosos dos sauditas subiu 132%, de US$ 1,38 bi para US$ 3,2 bi.
Na verdade, embora não na mesma dimensão, o mercado internacional de petróleo bruto passou em 2022 por uma alta no preço do barril do tipo brent, que é uma referência mundial.
O valor de um barril chegou a US$ 122 em junho de 2022, maior valor registrado desde 2018 segundo dados compilados pela BBC (site em inglês). A partir de junho, os preços do petróleo caíram.
“Historicamente, o Brasil sempre foi dependente do petróleo da Arábia Saudita. Como a Arábia Saudita é um dos principais produtores do mundo e tem um tipo de petróleo diferente do nosso, costumamos importar o petróleo leve para misturar com o petróleo pesado que o Brasil produz, gerando gasolina para o mercado interno”, explica o presidente executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro.
Castro resume que a balança comercial entre Brasil e Arábia Saudita é simples: o primeiro exporta commodities e importa produtos relacionados ao petróleo.
Veja abaixo as cinco commodities mais exportadas do Brasil para a Arábia Saudita no ano passado, segundo o DataLiner.
Top 5 das exportações brasileiras para a Arábia Saudita | Jan 2022 – Dez 2022 | TEUs
Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração)
Circunstâncias específicas no Brasil nos anos recentes aumentaram a demanda por combustíveis, como a maior necessidade por óleo diesel pelas termelétricas por conta de secas.
A própria retomada da atividade econômica, com aumento do PIB de 5% em 2021 e de 2,9% em 2022, também se reflete na maior demanda por combustível.
“Quando a balança comercial é assim, com poucos produtos, você não tem muita flexibilidade: se o produto principal tem queda ou aumento, automaticamente tem um impacto na balança”, diz Castro.
“Mas a tendência é que o déficit na balança comercial diminua porque o preço do petróleo está diminuindo”, acrescenta.
Outro possível reflexo da guerra da Ucrânia foi o aumento de 86% do valor de fertilizantes sauditas importados pelo Brasil de 2021 a 2022.
A Rússia, que trava a guerra contra a Ucrânia, foi nos últimos anos a principal fornecedora deste item ao Brasil.
Já as exportações brasileiras para os sauditas alcançaram US$ 2,1 bilhões em 2021 e US$ 2,9 bilhões em 2022 — valor um pouco abaixo do recorde de exportações registrado em 2011, de US$ 3,5 bilhões.
No ano passado, destacaram-se no valor exportado as carnes de aves e miúdos (29%); e os açúcares e melaços (14%).
Em um texto publicado pela agência de notícias da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, o secretário-geral da instituição, Tamer Mansour, afirmou que a guerra teve efeitos nas exportações brasileiras.
“O conflito também teve como efeito a restrição da oferta global de grãos, sobretudo milho e trigo. A consequência foi que os árabes buscaram esses e outros produtos entre fornecedores com mercadoria disponível, o que levou à alta nos preços acima da inflação [5,79%, para o IBGE], com lucros ainda favorecidos pela baixa do real”, explicou Mansour.
Fonte: Época Negócios
Para ler o artigo original completo, acesse: https://epocanegocios.globo.com/economia/noticia/2023/03/em-2022-brasil-importou-us-53-bilhoes-da-arabia-saudita-um-recorde-na-relacao-bilateral.ghtml
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