Em carta ao governo, federações de indústrias defendem elevação da tarifa de importação de químicos
set, 02, 2024 Postado porSylvia SchandertSemana202436
Federações de indústrias de quatro Estados brasileiros uniram forças à indústria química instalada no país e pediram, em correspondência encaminhada ao governo federal, no último dia 28 de agosto, a elevação das tarifas de importação de 65 produtos químicos e petroquímicos.
No documento, endereçado ao vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, as entidades pedem que “seja integralmente aprovado, na próxima reunião da Camex, o conjunto de modificações tarifárias apresentadas pela Abiquim [Associação Brasileira da Indústria Química] concernente à importação de produtos petroquímicos”.
A correspondência é assinada pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), Federação das Indústrias do Estado de Alagoas (Fiea) e Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs). Todos os Estados têm operações ou polos petroquímicos relevantes.
O setor químico vem há meses alertando as autoridades para um surto de importações, de diferentes produtos petroquímicos, a preços predatórios. Diante disso, levou à Camex um pedido de elevação temporária das tarifas de importação para 65 NCMs, incluindo resinas termoplásticas, com vistas a conter o avanço dos importados no mercado brasileiro. NCM é uma nomenclatura regional para categorização de mercadorias adotada pelos países do Mercosul.
No ano passado, as importações, em volume, desses 65 produtos subiram 31,2%. Ao mesmo tempo, a indústria brasileira registrou o pior nível de ociosidade em 30 anos, de 36%.
O gráfico abaixo se baseia em dados derivados do DataLiner para verificar o volume das importações brasileiras de produtos químicos entre janeiro de 2021 e julho de 2024. Os leitores podem solicitar uma demonstração usando o link abaixo.
Importações de produtos químicos | Jan 2021 – Jul 2024 | TEUs
Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração)
Apoio ao programa Nova Indústria Brasil (NIB)
Na carta, as federações reiteram seu apoio ao programa Nova Indústria Brasil (NIB), um “caminho há muito defendido pelo setor privado para o enfrentamento dos obstáculos à maior competitividade e produtividade da indústria nacional, boa parte deles concentrados em fatores externos às empresas”.
Mas apontam que os efeitos dessa política industrial não serão imediatos, em um momento em que diferentes países adotaram medidas para fortalecer seus parques industriais. “É o caso da indústria petroquímica brasileira. Temos um dos maiores mercados consumidores mundiais, um amplo e diversificado parque petroquímico, porém, faltava-nos petróleo e gás”, diz a correspondência.
“É inconcebível que hoje, quando nos tornamos um dos maiores exportadores de petróleo e com produção crescente de gás, assistamos de braços cruzados à destruição do parque industrial, construído com grande esforço, por políticas ativas de outros países, que descarregam excedentes de produção a preço de custo ou mesmo abaixo do custo de produção, no mercado nacional”, acrescentam as federações.
No primeiro semestre, conforme a Abiquim, a produção brasileira de químicos de uso industrial caiu 1,14%, enquanto o volume de exportações recuou 27,5%, confirmando a dificuldade de competição do produto de origem brasileira no mercado internacional.
Já as vendas internas subiram 4,39% e o consumo aparente (CAN) cresceu 0,4%, impulsionado pela alta de 4,5% das importações. Na primeira metade do ano, os importados responderam por 45% da demanda brasileira.
No semestre, o nível médio de utilização da capacidade instalada da indústria ficou em 63%, três pontos percentuais abaixo do registrado um ano antes. Em fertilizantes, a queda foi de nove pontos percentuais, para 58%, com a hibernação das duas fábricas de fertilizantes da Petrobras que foram arrendadas pela Unigel.
A petroquímica suspendeu há meses as atividades nas “fafens”, uma vez que o negócio voltou a ser deficitário com a queda dos preços da ureia no mercado internacional, sem que a matéria-prima (gás natural vendido no Brasil) tenha acompanhado.
Fonte: Valor Econômico
Clique aqui para ler o texto original: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2024/08/29/em-carta-ao-governo-federacoes-de-industrias-defendem-elevacao-da-tarifa-de-importacao-de-quimicos.ghtml
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