Em dois anos, Brasil pode ter mais oferta de café conilon que o Vietnã
maio, 31, 2024 Postado porGabriel MalheirosSemana202423
O Brasil caminha para ultrapassar o Vietnã em volume de produção de café conilon entre 2025 e 2026. Segundo analistas e traders, os problemas climáticos no país asiático, maior produtor e exportador da variedade, devem reduzir a oferta vietnamita, enquanto a perspectiva para a produção brasileira é de aumento.
A seca que atingiu o Vietnã fez com que estimativas de colheita fossem reduzidas de 26 milhões de sacas para 24 milhões de sacas, segundo Fernando Maximiliano, consultor de café da StoneX. Para indústrias, tradings e exportadoras, este deve ser o novo “teto” da produção no Vietnã.
Já no Brasil, se não houver eventos climáticos extremos, a produção de conilon pode saltar de 22,7 milhões de toneladas na safra 2024/25 para mais de 24 milhões de sacas até a safra 2026/27, estima o consultor.
Segundo ele, o Brasil é o único país que pode aumentar a área com conversões de pastagens, em especial no Espírito Santo, principal produtor de conilon. Porém, o cultivo da variedade também pode avançar no sul da Bahia, leste de Minas Gerais e Rondônia.
O gráfico abaixo mostra o volume de exportação de grãos de café do Brasil. Os dados são do DataLiner.
Volume de exportação de grãos de café | Jan 2021 – Abr 2024 | WTMT
Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração)
Brasil e Vietnã respondem por 55% da produção de café no mundo. Com as adversidades no país asiático, o Brasil ganha força como origem da matéria-prima da indústria global, segundo Trishul Mandana, diretor geral de café na Volcafé. Teddy Esteve, diretor-geral na Ecom, concorda. “O mercado está nas mãos do Brasil”, diz.
“Na próxima década, o Brasil passará a oferecer de 75% a 80% do café que o mundo precisa, porque é um país extremamente eficiente na produção e no custo, tendo capacidade para reagir à demanda mundial”, avalia Mandana.
Por outro lado, ele avalia que isso provoca um receio devido à dependência do mundo de poucos produtores, principalmente se houver no Brasil um evento climático extremo que afete a produção.
O diretor global da área de café na Louis Dreyfus Company, Ben Clarkson, admite que a indústria está se beneficiando da oferta brasileira diante da quebra da oferta do Vietnã. Para ele, o Brasil possui eficiência e, se comparado aos produtores asiáticos, é mais atrativo para as empresas da cadeia de processamento de café.
De acordo com Clarkson, o mercado global pode ter um pequeno déficit de café nesta safra por causa das quebras do conilon, ofuscando o cenário de excedente de oferta de café arábica.
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