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Embargo a frigoríficos não afeta comércio com a China, diz ministro

mar, 05, 2025 Postado porSylvia Schandert

Semana202510

Na segunda-feira (3/3), a China suspendeu a importação de carne bovina de três frigoríficos brasileiros, sob a alegação de “não conformidades” nas plantas. O embargo temporário afeta unidades das empresas JBS, Frisa e Bon-Mart.

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, disse ao Valor que a suspensão das três plantas é questão do “dia a dia dos negócios” e que “não afeta em nada o comércio”, já que mais de 60 unidades brasileiras exportam carne bovina para o mercado chinês.

“Os chineses encontraram algo que não os satisfez e pediram adequações. Quando elas forem solucionadas, o comércio voltará”, disse. “As empresas farão os planos de correção, enviaremos para a China conferir e resolver, assim como voltaram para a habilitação 12 plantas que haviam sido suspensas no governo passado”, completou.

Fávaro demonstrou preocupação com notícias falsas que circularam sobre o caso. O ministro disse ter recebido um telefonema de um grande pecuarista que perguntou se havia acordo entre Brasil e China para diminuição das exportações. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também ligou durante o feriado de Carnaval para pedir explicações sobre o episódio.

“Tranquilizei o presidente, expliquei que era uma questão técnica”, disse Fávaro. “Não é coerente falar em acordo para restringir exportações se habilitamos 43 plantas neste governo e há uma lista lá [na China] para ampliar esse número, com expectativa de novos frigoríficos habilitados neste ano”, concluiu.

O ministro reforçou que não há problemas comerciais ou políticos entre os países e afirmou que o Brasil vai ocupar mais espaço nas gôndolas chinesas em decorrência da guerra tarifária entre a China e os Estados Unidos. “Está claro que será uma oportunidade”, disse.

O gráfico abaixo mostra as exportações de carne bovina do Brasil para a China entre janeiro de 2021 e janeiro de 2024. Os dados vêm do DataLiner.

Exportações de carne bovina para a China | Jan 2021 – Jan 2025 | TEUs

Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração) 

A China suspendeu as compras de carne também de empresas de Argentina, Uruguai e Mongólia. Fávaro destacou essa decisão para afastar qualquer possibilidade de politização do caso.

Em carta que enviou à embaixada brasileira em Pequim, o governo chinês diz que fez auditorias remotas nos três estabelecimentos e que os especialistas “identificaram não conformidades” nas plantas. Por isso, a China decidiu suspender a importação de carne bovina dos três frigoríficos até que as plantas adotem medidas de correção.

A suspensão afeta a unidade da JBS em Mozarlândia (GO). Também foram suspensos os embarques da planta da Frisa localizada em Nanuque (MG) e do frigorífico da Bon-Mart que fica em Presidente Prudente (SP). O Grupo Ramax faz a operação da planta.

Segundo fontes da indústria, um dos problemas que a Administração Geral de Alfândegas da China (GACC, na sigla em inglês) citou para justificar a suspensão foi a presença de resíduos de um carrapaticida, acima do limite aceitável, em uma carga exportada por uma das três empresas.

Um frigorífico que não foi alvo do embargo chinês orientou os pecuaristas fornecedores sobre a carência necessária para o envio de animais tratados com carrapaticida para o abate. As empresas temem restrições piores se houver novos casos.

Os chineses alegaram troca de rótulos dos cortes das carnes em contêineres enviados à China e a exposição, na mesma área, de produtos que deveriam estar separados no fluxo de processamento nas plantas. As autoridades apontaram ainda a ausência de veterinário na linha de abate. As fontes relataram que os itens são de fácil solução, mas estranharam a rigidez das auditorias e da suspensão.

Questionado, o Ministério da Agricultura não confirmou. Em nota, a Pasta disse que as empresas já foram notificadas e estão adotando medidas corretivas para atender às exigências da China.

A expectativa do setor é que, após a adoção das correções necessárias e a comunicação às autoridades chinesas, as exportações sejam retomadas em 30 dias. O governo não menciona prazos.

Os embargos trouxeram à tona mais uma vez os comentários sobre uma aparente postura protecionista dos chineses. Em dezembro de 2024, a China abriu uma investigação para possível aplicação de salvaguardas contra as exportações de carne bovina de todos os países. O processo está em curso.

O Brasil, principal fornecedor de carne à China, enviou respostas dos questionários na semana passada. Empresários do segmento não associam a suspensão à investigação. Intercorrências técnicas não são algo novo, reforçaram.

Fonte: Globo Rural

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