Empresas de café não estão prontas para cumprir lei de desmatamento da UE, diz relatório
set, 15, 2023 Postado porGabriel MalheirosSemana202337
A maioria das empresas globais de café não estará pronta para cumprir a nova lei da União Europeia que impede a importação de commodities ligadas ao desmatamento, e os pequenos agricultores podem sofrer com o problema, aponta o relatório Barômetro do Café bienal, preparado por um grupo de organizações não governamentais (ONGs).
De acordo com o relatório, a falta de preparo das empresas cafeeiras para a lei pode levá-las a mudar o fornecimento para regiões mais desenvolvidas, como o Brasil, que têm melhor rastreabilidade, deixando os milhões de agricultores, em sua maioria de pequena escala e atingidos pela pobreza, na mão.
A Comissão solicitou à União Europeia e às empresas de café que garantam que isso não ocorra, principalmente porque os agricultores desesperados podem ser forçados, nesse cenário, a expandir para áreas florestais para aumentar a produção a fim de sobreviver.
Esses agricultores, então, venderiam para regiões com regras ambientais menos rigorosas, negando o impacto pretendido da lei. O desmatamento é responsável por cerca de 10% das emissões globais de gases de efeito estufa que impulsionam as mudanças climáticas, e a lei tem como objetivo combater a contribuição da União Europeia no problema.
“Investir em comunidades agrícolas em paisagens vulneráveis pode parecer arriscado, mas esses investimentos são essenciais para combater as causas fundamentais do desmatamento global”, disse Niels Haak, da Conservation International, um dos patrocinadores do relatório.
O café é produzido por cerca de 12,5 milhões de agricultores em aproximadamente 70 países, mas apenas cinco deles — Brasil, Vietnã, Colômbia, Indonésia e Honduras — produzem 85% do café do mundo.
Os 15% restantes são produzidos por 9,6 milhões de agricultores, ou dois terços do total, em países como Etiópia, Uganda, Tanzânia, Quênia, Peru, Guatemala, Nicarágua, El Salvador, Costa Rica e México. Esses países têm “infraestrutura inadequada e baixos níveis de rastreabilidade”, segundo o relatório.
“Sem o apoio proativo dos compradores, os pequenos proprietários que não têm organização e recursos para fornecer os dados necessários para a conformidade (com a lei) sofrerão o impacto inicial”, disse o relatório.
Cerca de 130 mil hectares de floresta foram perdidos anualmente nos últimos 20 anos devido ao desmatamento de terras para o cultivo de café, uma vez que os agricultores — a maioria dos quais permanece na linha da pobreza ou abaixo dela — tentam sobreviver, segundo o Barômetro do Café.
Fonte: Globo Rural
Para ler a matéria original, acesse: https://globorural.globo.com/agricultura/cafe/noticia/2023/09/empresas-de-cafe-nao-estao-prontas-para-cumprir-lei-de-desmatamento-da-ue-diz-relatorio.ghtml
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