Empresas estendem vida útil de navios e contêineres para superar crise logística
mar, 25, 2022 Postado porGabriel MalheirosSemana202212
A guerra da Rússia contra a Ucrânia acentuou o gargalo na logística causado pela pandemia de Covid-19, elevando os preços dos fretes marítimos, os custos de aquisição de navios novos e provocando escassez de contêineres no mundo. Diante da situação, empresas de transporte marítimo estão estendendo a vida útil de navios por dois anos e de contêineres por até três anos, investindo na manutenção dos equipamentos.
A Globo Rural confirmou esses planos com Carlos Rocha, gerente da Gestão de Frota da Aliança Navegação e Logística, empresa que faz parte do grupo Maersk, um dos maiores operadores de navios do mundo. “Acredito que é uma estratégia inteligente sim nesse momento, porque não sabemos quanto tempo vai durar esse momento.
O preço dos navios disparou. As embarcações com capacidade para transportar 15 mil contêineres de 20 pés estão na faixa de preço de US$ 100 a US$ 110 milhões, já navios de 20 a 24 mil contêineres estão em cerca de US$ 150 milhões. Os aumentos recentes em função da corrida aos estaleiros são da ordem de 35% a 50%. Um navio tem vida útil estimada em 20 anos.
A cada cinco anos, a embarcação precisa fazer uma docagem a seco para uma revisão completa. Segundo Rocha, o custo do navio está muito alto, ao contrário de oito anos atrás, quando os armadores estavam se desfazendo dos navios com até dez anos de vida. A frota da Maersk é de 700 navios, dos quais 400 são próprios. Destas, 8 são usadas pela Aliança na navegação de cabotagem no Brasil, levando produtos do sul até o norte do País.
É preciso avaliar o investimento para trocar equipamentos embarcados, que precisam ser atualizados. Mas a tecnologia que o motor utiliza é também extremamente importante, pois define não apenas o gasto com combustível, mas também o nível de emissão de gás carbônico. E, segundo o executivo, os armadores devem colocar nos mares navios movidos à metanol e amônia para reduzir a poluição.
Sobre a estender a vida útil dos contêineres, Rocha explica que é uma situação já agravada com a pandemia de Covid-19, que fechou portos ao redor do mundo e reduziu o fluxo de comércio mundial. E esses problemas estão agora ainda pressionados por conta não apenas com a retomada do fluxo de comércio no fim da pandemia, mas também com a guerra na Ucrânia. A pandemia gerou um aumento de demanda, explica ele.
“O e-commerce bombou na pandemia. Os EUA começaram a consumir muito mais e aumentou a demanda por contêineres. E casou essa grande desruptura”, explica. E essa avaliação de quanto tempo pode ser ampliado o uso do contêiner depende da forma como ele é utilizado, podendo chegar a no máximo três anos. Os contêineres que transportam alimentos são conhecidos como “Premium”, pois devem seguir uma série de regras para se manter a higiene e a qualidade do transporte. “Esses contêineres vale a pena aplicar manutenção porque não vai ter outro para substituir. A extensão da vida é algo que vai acontecer nos próximos dois a três anos”, diz.
A Aliança transporta do Sul ao Norte produtos como arroz ensacado, pronto para venda no supermercado, e também big bags de arroz, feijão, açúcar; produtos enlatados como ervilha, palmito e milho; e muito fertilizante. ”80% do arroz que se consome no Norte é transportado em navio da Aliança”, diz. O transporte não é feito em graneleiro, explica ele, por causa das longas filas para carregar navios no Porto de Paranaguá, no Paraná.
Source: Globo Rural
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