Economia

Enquanto importações desabam, exportações seguem firmes. Mas até quando?

jul, 06, 2020 Postado porSylvia Schandert

Semana202028

O novo coronavírus teve um impacto não apenas na saúde e estilo de vida das pessoas, mas também nas relações comerciais. Os dados de maio divulgados recentemente pelo banco de dados DataLiner da Datamar mostram que o Brasil atingiu um superávit recorde durante o mês, à medida que as importações e exportações seguiam em direções opostas. Isso se deve ao fato de que as diferenças no estilo de vida, aliadas à desvalorização da moeda brasileira, causaram forte retração nas importações. Enquanto isso, as exportações totais do país mantiveram-se fortes, impulsionadas pelo setor de agronegócios, dada a constante necessidade de alimentos, além da taxa de câmbio favorável. Essa situação não é exclusiva do Brasil e também se reflete na outra região da Costa Leste da América do Sul (Paraguai, Uruguai e Argentina).
O gráfico a seguir fornece uma visão rápida da queda nas importações para a região do ECSA por faixa de comércio em maio em comparação com o mesmo período do ano passado, com uma queda mais significativa da faixa de comércio do Extremo Oriente:
Importações do ECSA por Tradelane
Fonte do gráfico: DataLiner
Queda nas importações

Ao comparar os primeiros cinco meses de 2020 com o mesmo período do ano passado, as importações parecem ter se mantido razoavelmente bem, com apenas uma modesta queda de 0,11% em relação ao ano anterior. No entanto, isso não conta a história completa, pois as importações nos primeiros meses foram fortes antes da pandemia de coronavírus tomar conta da economia. Em maio de 2020, no entanto, as importações caíram 22% em relação a maio de 2019.

As peças de automóvel têm sido um dos muitos setores afetados. No Brasil, dados da Anfavea indicam que a produção de veículos caiu 49,5% no primeiro semestre de 2020 em comparação com o mesmo período de 2019. Os dados do DataLiner mostram que em maio as exportações de pneus caíram 57,54% em relação aos níveis do ano anterior.

Importações da região do ECSA (comparativo janeiro a maio de 2020 com mesmo período de 2019)

Fonte do gráfico: DataLiner

Exportações altas vão se sustentar?

Em relação às exportações, os dados do DataLiner apontam para um crescimento de 3,25% nos embarques de carga em contêineres nos primeiros cinco meses de 2020 em comparação com o mesmo período de 2019. Embora sejam excelentes notícias, dada a atual situação econômica, não reflete o crescimento fenomenal das exportações de carga não contêiner, principalmente açúcar e soja. O crescimento da carga de contêineres refere-se ao aumento significativo das exportações de proteína animal, principalmente para a China. Dados divulgados na segunda-feira, 6 de julho, pela Abrafrigo, mostram que somente em junho as exportações de carne bovina cresceram 28%, com a China como principal destino.

No futuro, porém, a questão é se esse crescimento das exportações pode ser sustentado. Recentemente, a China – que é de longe a maior razão para o crescimento das exportações de produtos agrícolas brasileiros – divulgou que, devido à sua preocupação com a contaminação de produtos pelo coronavírus, começou a implementar um processo de inspeção mais rigoroso das importações, que deve causar congestionamento de portos e desaceleração do fluxo logístico.

Além disso, nos últimos dias o país asiático revogou temporariamente o direito de alguns matadouros brasileiros exportar para o país. As últimas plantas a perder sua autorização, em 4 de julho, foram dois matadouros de suínos – um pertencente à BRF em Lajeado e outro à JBS em Três Passos, ambos no Rio Grande do Sul.

Em resumo, o mês de julho pode ser um desafio para a balança comercial da região da ECSA, tanto para importações quanto para exportações.

Exportações da região do ECSA (comparativo janeiro a maio de 2020 com mesmo período de 2019)

Fonte do gráfico: DataLiner (Para solicitar um demo do DataLiner clique aqui)

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