Regras de Comércio

Espanha quer dar impulso em acordo entre UE e Mercosul

mar, 31, 2023 Postado porSylvia Schandert

Semana202316

A Espanha hoje é o quinto destino das exportações do Brasil. Em 2022, o país ibérico respondeu por 2,9% das vendas brasileiras ao exterior, a maior fatia desde o início da série histórica, em 1997. Na comparação com 2021, o percentual de participação da Espanha aumentou um ponto percentual, com destaque para óleos brutos de petróleo, soja e milho. Mas esse cenário poderia ser ainda mais auspicioso se o Mercosul e União Europeia já tivessem seu acordo de livre-comércio vigente, afirma Xiana Méndez, secretária de Comércio da Espanha e presidente da agência ICEX España Exportación e Inversiones.

Isso porque, disse, o comércio seria mais econômico, uma vez que prevê redução de tarifas e contempla instrumentos de facilitação como barreiras tarifárias, harmonização de regras sanitárias e fitossanitárias. “Isso ajuda nossas empresas a ter diversificação também de seus provedores. Como vimos em eventos como a pandemia e depois a guerra, creio que a estratégia inteligente é a diversificação”, acrescentou.

No Brasil para o Encontro Empresarial Espanha-Brasil 2023, de atração de investimentos espanhóis para o país, Xiana disse que o acordo depende agora de um consenso em torno do protocolo sobre desenvolvimento sustentável com obrigações para as duas partes e mecanismos de monitoramento. Ela espera que isso seja alcançado até o meio do ano.

Dez maiores exportações para Espanha | janeiro de 2023 – fevereiro de 2023 | TEUs

Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração) 

A missão da secretaria é dura. A Espanha passa a ocupar a presidência rotativa do Conselho da União Europeia no segundo semestre, quando realizará a Cúpula Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac)-UE, prevista para julho, e pretende concretizar os acordos de livre-comércio Chile-UE, México-UE e Mercosul-UE.

O acordo vem sendo trabalho à exaustão por Xiana, que recentemente fez um tour pelos países do Mercosul para desatar nós em torno dele.

Além de promover trocas bilaterais na arena comercial, ela acrescentou, o acordo seria importante para impulsionar a agenda ambiental dos dois lados.

“A alternativa de não haver acordo é necessariamente pior em termos sociais e em termos ambientais. Porque o acordo tem um capítulo de desenvolvimento sustentável que reforça os compromissos internacionais de todas as partes da UE e do Mercosul, com emissões de CO2, obrigações de proteger ecossistemas como o da Amazônia, com o envolvimento de populações indígenas nas cadeias de valor, na agricultura”, seguiu.

Questionada sobre ressalvas dos governos argentino e brasileiro e do rechaço de parte da opinião pública, que teme perda de postos de trabalho com a entrada de produtos europeus no mercado latino-americano, ela disse que o tratado estimulará a criação de empregos.

“A importação e a exportação expõem as empresas à concorrência internacional, fazem com que sejam mais inovadoras, as obriga a crescer, a serem mais produtiva. Viver em uma economia fechada faz com que a produtividade nunca decole e não decole a competitividade. O comércio internacional é uma fonte de crescimento e também de criação de emprego”, afirmou.

Ela argumentou que o acordo traz uma liberalização equilibrada em termos gerais, “mas que é mais imediata para os produtos do Mercosul na União Europeia do que o contrário”.

No Brasil, afirmou, a perspectiva é que o acordo impulsione o setor primário, com mais exportações de bens agrícolas, mas também as de bens manufaturados.

“No caso de bens industriais, há uma liberalização de mais de 90% dos bens para o mercado da União Europeia, com um calendário de zero a dez anos. Há também uma oportunidade de exportação de bens industriais para o mercado europeu, bastante aberto e com tarifas mais baixas do que as vigentes no Mercosul”, disse. “Mais do que a abertura comercial em si, a própria liberalização permitirá que a indústria brasileira ou a argentina adquiram equipamentos semimanufaturados, bens e outros insumos necessários a elas a preços bem mais baratos.”

Fonte: Valor Econômico

Para ler o material original, acesse: https://valor.globo.com/brasil/noticia/2023/03/31/espanha-quer-dar-impulso-em-acordo-entre-ue-e-mercosul.ghtml

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