Exportações brasileiras em contêineres reefer crescem quase 7% em 2020
nov, 13, 2020 Postado porSylvia SchandertSemana202047
As exportações brasileiras em contêineres reefer cresceram 6,94% no período de janeiro a setembro de 2020 em relação a igual período do ano passado, segundo dados consolidados pelo DataLiner. No mesmo período, a Argentina registrou crescimento de 4,89% nas exportações via contêineres reefer e o Uruguai, queda de 0,49%.Somados Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina, o crescimento foi de 6%.
Confira no gráfico a seguir o histórico das exportações mês a mês via contêiner reefer pelo Brasil e Plate (Paraguai, Uruguai e Argentina):
Exportação do Brasil e Plate de contêineres Reefer | Jan 2017 a Set 2020 | TEU
Fonte: DataLiner
As exportações de proteína animal – sobretudo para a China, aqueceram o mercado de reefer. A China – que viu sua oferta de carne suína cair a seus menores níveis com a gripe suína africana que dizimou as criações de porcos do país – foi o principal destino das exportações via contêineres reefer do Brasil e do Plate, com 164,189 TEU exportados no período, seguido por Holanda, com números bem menores, com 46.560 TEU.
Confira no gráfico a seguir os 15 principais destinos das exportações via reefer do ECSA nos nove primeiros meses de 2020:
Top 15 destinos dos contêineres Reefer do ECSA | Jan a Set 2020 | TEU
Fonte: DataLiner
Quando aos principais produtos exportados via reefer, a carne de frango fresca, refrigerada ou congelada ocupa o primeiro posto no período de janeiro a setembro de 2020, com 241.072,81 TEU, queda de 1% em relação a igual período de 2019, de acordo com dados do DataLiner. Em segundo, está a carne bovina congelada, com 132.087,28, crescimento de 12%. O maior destaque, entretanto, foi o crescimento das exportações de carne suína fresca, refrigerada ou congelada, com crescimento de 57% em relação a janeiro a setembro de 2019, com 46.620,03 TEU.
Desequilíbrio importações vs. exportações
O crescimento das exportações via contêineres reefer e a queda das importações motivadas pela economia enfraquecida por conta do coronavírus e do alto preço do dólar ocasionou um desequilíbrio na disponibilidade de contêineres em geral. conforme pode ser conferido no gráfico abaixo:
Trade Imbalance Brasil | Jan 2010 a Set 2020 | TEU
Fonte: DataLiner (Para solicitar uma demo do DataLiner clique aqui)
Em relação aos contêineres reefer, a situação foi a mesma. Tanto é, que para suprir uma parte desse problema, em junho, o Complexo Portuário de Itajaí, recebeu o maior navio full contêiner a atracar em portos brasileiros, o APL Paris, carregado de contêineres reefer para abastecer o mercado. O navio tem 347,40 metros de comprimento e 45,2 metros de largura (boca), com capacidade para transportar até 10.798 TEUs e pertence ao armador CMA CGM. O APL Paris teve atracação única na América Latina, no terminal da Portonave e teve a função de fazer um reposicionamento para suprir a necessidade regional de contêineres reefer.
A falta de reefer também ocasionou uma forte retração na compra da carne brasileira pelos países árabes em 2020. Depois que suas importações chegaram a crescer 200% nos últimos dez anos, os embarques de carne bovina caíram quase 30% nos primeiros nove meses do ano sobre o mesmo período do ano passado. Nesse intervalo, os embarques de frango encolheram 18,5%. Não que os árabes tenham perdido o apetite, nem reduzido a demanda. As encomendas desabaram por culpa da logística global tumultuada pela pandemia e pelo enorme poder de compra da China.
“Estamos em um ano atípico. As exportações foram muito impactadas pela pandemia e as relações econômicas não andaram como esperávamos”, afirma Tamer Mansour, secretário geral da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira (CCAB). Além da falta de contêineres refrigerados no mercado global, os chineses abocanharam fatia maior da carne brasileira. “Foi uma questão comercial e de concorrência”, diz Mansour.
Como o Brasil importa pouco do mercado árabe, os navios voltam vazios, somando custos àqueles já inflados pela logística caótica imposta pela pandemia. Enquanto faltavam navios refrigerados para transporte da carne, sobravam contêineres para esse tipo de carga no porto de Xangai.
Para tentar apazinhar esse problema, algumas soluções adotadas são o NOR (non-operating reefer) e a importação de contêineres vazios, entre outros. Vale lembrar que este ano, o DataLiner lançou uma nova função com dados de carga NOR.
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