Economia

Exportações brasileiras via contêiner crescem quase 12% nos últimos três meses; importações quase 33%

jun, 25, 2021 Postado porSylvia Schandert

Semana202126

Os dados de importação e exportação brasileira via contêineres de maio, a serem divulgados pelo DataLiner nos próximos dias, apontam que tanto as importações como as exportações brasileiras cresceram no quinto mês do ano no comparativo com o mesmo mês de 2020. Apesar disso, os números são mais baixos do que os registrados em março deste ano, quando tanto importações como exportações tiveram picos positivos.

As exportações em maio alcançaram 251.071 TEUs, um crescimento de 9,7% em relação a maio de 2020 e 6,06% em relação a abril de 2021. No acumulado dos últimos três meses – março, abril e maio de 2021, o crescimento foi de 11,76% em relação a março a maio de 2020.

Exportação Brasileira em contêiner | Jan a Mai 2019-2021 | TEU
Acumulado de Exportação Brasileira | Jan a Mai 2019-2021 | TEU

Já nas importações, foram recebidos pelo país 233.123 TEUs, um volume 52,86% superior a maio de 2020 e 6,08% em relação a abril de 2021. No acumulado de março a maio de 2021, o crescimento foi de 32,91% no comparativo com iguais meses de 2020.

Importação Brasileira em contêiner | Jan a Mai 2019-2021 | TEU
Acumulado da Importação Brasileira | Jan a Mai 2019-2021 | TEU


Entraves logísticos

Apesar do crescimento das exportações, os problemas logísticos e o frete alto complicaram o dia a dia de importadores e exportadores. O congestionamento de portos da China e dos Estados Unidos por conta da pandemia da Covid 19 – que já causaram mais atrasos que o acidente no Canal de Suez, a falta de contêineres e o frete alto refletiram no desempenho de maio, que poderia ter sido superior sem esses entraves.

É o caso das exportações de café. Segundo o presidente do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Nicolas Rueda, em maio, o desempenho das exportações foi impactado pela continuidade dos entraves logísticos, com falta de contêineres e de espaço nos navios, e pelas adequações que vêm sendo realizadas no processo de modernização da emissão dos certificados de origem da Organização Internacional do Café (OIC), requeridos no embarque do produto. “O volume de exportações tem sido recorde no acumulado da safra, o que reflete uma colheita também recorde em 2020/21 e a altíssima competitividade do café brasileiro no exterior. Em maio, só não foi maior por conta dos entraves logísticos relativos à disponibilidade de bookings e contêineres, causados por congestionamentos em muitos portos asiáticos e norte-americanos, em função da alta demanda por alimentos e demais produtos nessas regiões ocasionada pela pandemia”, explica.

Já a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA) tem sentido a falta de peças. Desde janeiro, o nível de produção fica entre 190 mil e 200 mil, o que revela uma espécie de “teto técnico” provocado não pela falta de demanda, mas pela crise global de fornecimento de semicondutores. “Esse problema, que deve se alongar até os primeiros meses de 2022, é o responsável pelas paralisações temporárias de parte de nossas fábricas, algumas por períodos curtos, outras mais longos”, explica o Presidente Luiz Carlos Moraes, ressaltando que essa questão atinge vários setores industriais, mas o automotivo em especial, já que um único veículo pode ter até 600 semicondutores em seus sistemas eletrônicos de motorização, câmbio, segurança, conforto, entretenimento etc.

Para Cristiano Kaehler, gerente de Business Intelligence da Datamar, essa espera observada em maio de até 16 dias para que um navio contêiner possa embarcar ou desembarcar cargas é extremamente incomum. “Prejudica toda a logística das empresas, principalmente das que adotam o just-in-time, uma vez que essas empresas não mobilizam capital em estoque. O estoque de peças é o que está nos navios. As empresas estão tendo que repensar toda a sua logística”.

Perspectivas para os próximos meses

Com a atividade industrial retomando e a vacinação avançando, as perspectivas são que os próximos meses também tenham um bom desempenho. “As projeções para o PIB de 2021 foram alteradas para cima, e agora são de 4,6%, reflexo da nossa economia”, afirma Andrew Lorimer, CEO da Datamar. “Um ponto a se observar é a queda do dólar, que deve incentivar as importações, mas abalar um pouco as exportações. Mas as perspectivas são positivas”, completa.

Vale lembrar que a vacinação dos portuários, que foram incluídos como prioridade no calendário nacional e que teve início em junho com a aplicação da primeira dose é outra pecinha que manterá a engrenagem do comércio exterior brasileiro funcionando a todo vapor em 2021.

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