Grãos

Exportações de milho do Brasil perdem espaço em meio ao aumento da produção global

out, 23, 2024 Postado porSylvia Schandert

Semana202442

Após um ano recorde de exportações de milho, o Brasil enfrenta desafios para posicionar seu produto no mercado internacional em 2024. A recuperação da oferta em países produtores chave e uma diminuição na demanda chinesa devem aumentar as reservas internas, pressionando ainda mais os preços no mercado local.

No ano passado, o Brasil exportou 56 milhões de toneladas de milho, segundo a Associação Nacional de Exportadores de Cereais (ANEC). No entanto, este ano, espera-se que o país perca o destaque que teve em 2023, quando foi o maior exportador de milho do mundo. A associação estima que os embarques de milho em 2024 sejam de 41 milhões de toneladas.

O gráfico a seguir explora o volume de exportação de milho do Brasil no período de janeiro a agosto entre 2021 e 2024. Os dados vêm do DataLiner.

Exportações de milho dos portos brasileiros | Jan-Ago 2021 vs. Jan-Ago 2024 | WTMT

Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração) 

Os agentes de mercado estão mais pessimistas. A consultoria Royal Rural estima que o Brasil exportará 39 milhões de toneladas em 2024, uma vez que muitos concorrentes, como a Argentina, recuperaram sua oferta.

“No ano passado, o Brasil não enfrentou competição da Argentina. Após sofrer com a seca, a Argentina retomou sua capacidade de produção e, de janeiro a agosto deste ano, exportou 24,5 milhões de toneladas de milho. Isso é 7 milhões de toneladas a mais do que no ano passado,” destacou Ronaldo Fernandez, analista da Royal Rural.

A Argentina não é o único país que está aumentando sua oferta este ano. A mesma tendência é observada em outros grandes produtores de milho, como os Estados Unidos, Europa e Ucrânia. Esse cenário deu aos compradores internacionais mais flexibilidade para buscar fontes alternativas para o grão.

Entre os importadores que se afastaram do milho brasileiro, a China se destaca. No ano passado, a China foi o principal comprador de milho do Brasil, respondendo por 17,4 milhões de toneladas das 56 milhões de toneladas que o país vendeu. Este ano, no entanto, os embarques de milho do Brasil para a China não chegaram a 2 milhões de toneladas, segundo Fernandes.

“A China há muito tempo planeja alcançar a autossuficiência na produção de milho para controlar os preços da carne em seu mercado interno. Eles têm alcançado algum sucesso nesse objetivo, recuperando áreas perdidas devido a inundações,” afirmou o analista.

Ele apontou que um sinal da redução da dependência da China em relação ao milho importado está nas projeções do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA). De agosto a outubro, o USDA reduziu sua estimativa para as compras internacionais de milho da China em 4 milhões de toneladas, agora prevendo 19 milhões de toneladas. Fernandes acredita que o USDA fará novos cortes até o final do ano.

Com a feroz concorrência internacional pela oferta de milho, Fernandes acrescenta que os estoques finais do Brasil podem chegar a 10 milhões de toneladas, o maior nível desde 2018. Se essa projeção se confirmar, isso inundará o mercado interno com excesso de oferta, pressionando os preços para baixo e expondo problemas de infraestrutura que existem há muito tempo no Brasil.

“Esse excedente de produção vai sobrecarregar nossa capacidade de armazenamento estática. Se tivermos chuvas adequadas e uma boa safra de soja, onde vamos armazenar tanto milho e soja?” questionou o analista.

Os EUA também devem capturar uma grande parte do mercado global de milho em 2023/24. Com a maior colheita de sua história (389,67 milhões de toneladas) e exportações de 58,23 milhões de toneladas, segundo o USDA, o país deve dominar as vendas para mercados como México e União Europeia.

“Neste momento, os principais compradores estão priorizando o milho dos EUA, que é atualmente a fonte mais barata. Como resultado, é improvável que o Brasil consiga impulsionar seu mercado de exportação,” disse Leonardo Martini, consultor de gestão de riscos da StoneX.

Por Marta Watanabe, Álvaro Fagundes

Fonte: Valor Internacional

Clique aqui para ler o texto original: https://valorinternational.globo.com/agribusiness/news/2024/10/23/brazils-corn-exports-lose-ground-amid-global-production-rise.ghtml

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