Orange juice exports

Exportações de suco de laranja devem sofrer nova queda devido à baixa demanda

jan, 17, 2025 Postado porDenise Vilera

Semana202503

O Brasil, maior fornecedor mundial de suco de laranja, caminha para encerrar sua segunda safra consecutiva com queda nos volumes exportados. Após um recuo de 19,7% nos embarques na primeira metade da temporada 2024/25, a oferta limitada e a demanda em queda devem continuar pressionando o setor.

De julho a dezembro de 2024, o Brasil exportou 430.078 toneladas de suco de laranja (equivalente a FCOJ de 66 Brix), em comparação às 535.604 toneladas no mesmo período do ciclo anterior, segundo dados da CitrusBR, associação de exportadores do setor, com base em estatísticas governamentais.

Apesar da queda no volume, a receita com exportações saltou 42,66%, alcançando US$ 1,9 bilhão, impulsionada pelo aumento nos preços do suco.

“O setor tem enfrentado cinco ciclos de safras pequenas e médias, e, de acordo com referências internacionais, os aumentos inéditos de preços estão tornando inevitável a contração da demanda,” disse Ibiapaba Netto, diretor executivo da CitrusBR.

Netto destacou que a safra 2024/25 começou com estoques historicamente baixos devido à colheita fraca de laranjas no ciclo anterior. Em 30 de junho de 2024, fim oficial da última safra, os estoques de suco das empresas associadas à CitrusBR somavam 116.710 toneladas, o terceiro menor nível da história.

Além disso, a atual safra está projetada em 223,14 milhões de caixas de laranja (40,8 quilos cada), segundo o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), representando uma queda de 27,4% em relação ao ciclo 2023/24.

“Como resultado, a quantidade de suco disponível nesta temporada é menor do que no ano passado, e a tendência é que as exportações na segunda metade da safra sejam ainda menores do que há um ano,” previu Netto.

Diante desse cenário, Netto afirmou: “Podemos dizer com alguma certeza que as exportações terminarão o ano-safra abaixo dos níveis do ano passado.” Ele também reconheceu que a queda na demanda representa desafios adicionais para o mercado.

Os altos preços, que impactam negativamente a demanda global por suco de laranja, não são o único problema. Mudanças estruturais nos mercados importadores também estão contribuindo para o declínio, afirmou Andrés Padilla, analista do Departamento de Pesquisa e Análise Setorial do Rabobank Brasil.

Ele citou a Europa como exemplo, onde mudanças demográficas — menos crianças por família e envelhecimento da população — estão reduzindo o consumo de suco. Além disso, a concorrência de outras bebidas, como chá, café e água mineral, aumentou.

Nos Estados Unidos, no entanto, a dependência do suco de laranja brasileiro deve crescer após a devastação dos pomares da Flórida causada por furacões e pela doença greening.

Padilla observou que os preços internacionais do suco de laranja atingiram um ponto de equilíbrio após os aumentos acentuados do ano passado. No final de 2024, os futuros de suco de laranja na Bolsa de Nova York registraram alta de 49,56%, segundo dados do Valor Data.

“Daqui em diante, tudo dependerá das atualizações sobre a safra 2025/26 do Brasil. Se os pomares se recuperarem bem com as chuvas de verão, os preços poderão cair. Mas, se houver relatos de danos climáticos aos pomares, os preços subirão,” afirmou o analista.

Por Nayara Figueiredo

Fonte: Valor International

Sharing is caring!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *


O período de verificação do reCAPTCHA expirou. Por favor, recarregue a página.