Exportações do Brasil seguem concentradas em commodities e importações em bens industriais, aponta relatório da OMC
dez, 02, 2022 Postado porSylvia SchandertSemana202248
A inserção do Brasil na economia global cresceu nos últimos anos, mas as exportações estão cada vez mais concentradas em commodities e as importações são dominadas por bens industriais, segundo avaliação da Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre a política comercial brasileira.
A OMC examina periodicamente as políticas do país, não focando apenas nos fluxos comerciais. Desta vez, o organismo multilateral internacional aponta que a economia brasileira está em processo de abertura com a participação das exportações e importações de bens e serviços passando de 24,3% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2017 para 39,2% em 2021.
As vendas de exportação estão se tornando cada vez mais concentradas em bens primários, como produtos à base de plantas, animais vivos e produtos petrolíferos e minerais. Entre 2017 e 2021, a participação das exportações de petróleo e minerais aumentou de 19,4% para 31,3%.
De acordo com a OMC, o Brasil continua sendo um importante player no comércio mundial de algumas commodities agrícolas, como soja, carne bovina, carne de frango, açúcar, suco de laranja e café. A participação do setor agrícola no valor agregado bruto em 2021 foi de 8,1%, acima dos 5,7% em 2017, e sua participação no emprego foi de 9,7%.
As importações, por outro lado, continuam sendo dominadas por bens industriais. A OMC observa que, embora em declínio, o setor manufatureiro brasileiro continua relativamente significativo, representando 11,3% do valor adicionado bruto em 2021. Desde o início do milênio, a manufatura brasileira vem perdendo competitividade de forma consistente e se contraindo.
Já o setor de serviços, fundamental para a competitividade global nas exportações, responde pela maior parte do valor adicionado bruto (69,8% em 2021) e da geração de empregos no Brasil. “No entanto, apesar das melhorias em certos setores, os serviços sempre sofrem de deficiências estruturais que limitam o potencial de crescimento geral da economia”, destaca a OMC.
A OMC também destacou a crescente importância do comércio exterior do Brasil, especialmente com a China, e a relativa diminuição do peso das Américas. O comércio de mercadorias com os sócios do Mercosul também caiu, principalmente no caso das exportações.
As exportações brasileiras para a China passaram de 22,1% em 2017 para 31,3% no ano passado. No caso dos EUA, no mesmo período caíram de 12,6% para 11,2%. Com a União Européia, como percentual das exportações totais, caíram de 14,1% para 13,0%. Por outro lado, a queda das exportações brasileiras para a Argentina foi muito acentuada, passando de 8,2% para 4,2% no período considerado.
Por sua vez, a China respondeu por 22,8% de todas as importações brasileiras em 2021, ante 17,5% em 2017. As compras de produtos dos Estados Unidos e da Argentina permaneceram relativamente estáveis. Também caíram em linha com a UE (de 19,9% para 17,1%).
No balanço final, a OMC observa que o Brasil continua a fornecer vários programas de “incentivos”, ou seja, subsídios. Inclui os subsídios sujeitos ao atendimento do critério do processo produtivo de base (PPB), estabelecido para utilizar as capacidades máximas de produção instaladas no país.
O Brasil é retratado de forma bastante favorável no relatório. E, como no passado, recomenda avançar com reformas estruturais para melhorar a produtividade em diversas áreas, reformar o regime tributário e de subsídios e desburocratizar.
Fonte: Mercopress
Para ler a matéria original completa, acesse: https://en.mercopress.com/2022/12/01/brazil-exports-remain-concentrated-in-commodities-and-imports-in-industrial-goods-wto-report
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