Exportações para a China movimentam economia do ECSA
jun, 10, 2020 Postado porSylvia SchandertSemana202024
Os países da Costa Leste da América do Sul – ECSA estão exportando mais para a China. Levantamento realizado com dados do DataLiner mostram que as exportações em contêiner da região, que engloba Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai aumentaram 19% no primeiro quadrimestre de 2020 em relação ao mesmo período do ano passado, com 143.781 TEUs embarcados.
Segundo dos dados do DataLiner, a principal categoria exportada em contêiner do ECSA para a China no primeiro quadrimestre são alimentos, com 63.000 TEUs, 40% a mais que nos quatro primeiros meses de 2019, quando foram embarcados da região 45.000 TEUs em alimentos com destino à China.
O maior destaque são as carnes. Como resultado, as exportações de contêineres reefer também apresentam um aumento de 40% em relação ao ano anterior nos primeiros quatro meses, com 62.000 TEU exportados por este modelo de contêiner.
Nos primeiros quatro meses de 2020, o Brasil exportou 31% mais carne bovina e 31% mais carne de aves à China em relação ao mesmo período de 2019. Já a Argentina registrou um crescimento de 34% nas exportações de carne bovina e 20% de carne de aves à China no mesmo período.
Em relação à carne suína, a demanda foi excepcional: crescimento de 223% nos embarques brasileiros e o início dos embarques argentinos da proteína. A carne suína é a preferida dos chineses e o país vem enfrentando uma doença que dizimou seus rebanhos, a gripe suína africana. Para repor os estoques e abastecer o mercado interno, a solução foi aumentar as importações.
Fonte do gráfico: DataLiner (Para solicitar um demo do DataLiner clique aqui)
Grande parte das carnes brasileiras são exportadas via Porto de Paranaguá. A Ferroeste (Estrada de Ferro Paraná Oeste S.A.), por exemplo, transportou, em maio, 1.001 contêineres refrigerados até o Porto de Paranaguá, volume 23% maior do transportado em maio do ano passado. A maior parte das cargas transportadas nos contêineres por ferrovia é de frango, produzidos pelas principais cooperativas agroindustriais do Oeste do Paraná e que seguem para o Porto de Paranaguá para exportação. A Ferroeste opera a malha ferroviária entre Cascavel e Guarapuava.
Relação EUA e China
Além da gripe suína africana, outros fatores também contribuíram para o aumento da demanda chinesa, como o problema enfrentado pelos frigoríficos americanos por conta da pandemia causada pela Covid-19. Muitas processadoras americanas de carne foram paralisadas devido à disseminação da doença entre seus funcionários, o que levou o país a priorizar o abastecimento interno, reduzindo as exportações à China, o que acabou favorecendo os países do ECSA.
De acordo com a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), em maio, a participação da China nas exportações brasileiras de carne bovina alcançou a 56,5% do total, somando-se as entradas pelo continente (39,3%) e as entradas por Hong Kong (17,2%).
Outro fator que deve continuar beneficiando a região do ECSA é a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China. No início do mês, fontes que não querem ser identificadas afirmaram que a China pediu a suas empresas estatais que suspendam compras de soja e carne suína dos Estados Unidos como uma retaliação ao fato do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmar que vai começar um processo para eliminar o tratamento especial concedido a Hong Kong, que vai desde um tratado de extradição até controles de exportação. Isso seria uma resposta aos planos da China de impor uma nova legislação de segurança no território.
Segundo uma das fontes, grandes volumes em aquisições estatais de milho e algodão dos EUA também foram suspensas e a China poderá expandir a ordem para incluir outros produtos agrícolas dos Estados Unidos caso Washington tome medidas adicionais.
Importadores chineses cancelaram de 10 mil a 20 mil toneladas de embarques de carne suína dos EUA— o equivalente a quase uma semana em pedidos nos últimos meses— após os comentários de Trump, segundo uma das fontes.
Desvalorização do real frente ao dólar
Por fim, vale destacar que, no caso do Brasil, no acumulado dos cinco primeiros meses do ano, a valorização do dólar frente ao real superou 30%, deixando o produto brasileiro mais competitivo, contribuindo, também, para o aumento às exportações à China.
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