Regras de Comércio

Exportador pressiona para que União Europeia adie lei antidesmatamento

jul, 30, 2024 Postado porSylvia Schandert

Semana202431

Os produtores e exportadores globais de commodities que terão de cumprir a Regulação sobre Desmatamento da União Europeia (EUDR, na sigla em inglês) estão aumentando a pressão para que a Comissão Europeia adie a vigência da lei, estabelecida para 30 de dezembro deste ano. Na semana passada, exportadores brasileiros de café pediram o adiamento da lei antidesmatamento por até três anos, meses após exportadores de produtos madeireiros terem manifestado preocupação com atrasos da União Europeia (UE) na definição dos detalhes operacionais.

Mesmo os produtores de outras commodities estão preocupados com os detalhes da implementação da lei antidesmatamento. Entre os receios, estão o de que o mapa que servirá de base para identificar florestas não diferencie árvores produtoras de vegetação nativa. Outra dúvida é se os bois criados antes de 30 de dezembro e cuja carne entrará no bloco depois também terão de provar adequação à lei.

A EUDR exigirá que produtores de soja, carne bovina, café, óleo de palma, borracha e produtos madeireiros comprovem que não desmataram de 2021 em diante.

O gráfico a seguir mostra os produtos mais exportados do Brasil para a UE nos primeiros cinco meses de 2024. Os dados apresentados abaixo são do DataLiner.

Principais exportações para a UE | Janeiro a maio de 2024 | WTMT

Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração) 

O movimento mais recente foi dado pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), que representa 96% dos exportadores brasileiros. Em carta, o Cecafé pede o adiamento por um a três anos para adequações na lei antidesmatamento. O Brasil é o maior exportador de café e principal fornecedor da UE. O Cecafé também assinou uma carta com a Federação Europeia de Café (ECF) pedindo esclarecimentos sobre como a lei será aplicada.

Uma das preocupações centrais dos produtores globais de café, produtos florestais, cacau e palma é em relação ao mapa desenvolvido pela Joint Research Center (JRC) com inteligência artificial. Ele é capaz de identificar em todo o planeta, por meio de satélites, onde e quando havia cobertura florestal.

O problema é que commodities como café, cacau, palma e madeira são produzidas em árvores cortadas de tempos em tempos para renovação das áreas. Se a UE usar só esse mapa para checagem, pode identificar como desmatamento o que é apenas uma parte do ciclo produtivo da commodity que consomem, alegam os produtores.

Segundo o Cecafé, se o mapa da JRC for a única ferramenta usada, “muitas áreas produtivas que se adequam à regulação podem ser identificadas incorretamente como tendo se estabelecido às custas de desmatamento após 2020”, o que causaria “consequências sérias, incluindo atrasos na entrega de produtos e trabalhado adicional para esclarecer os mapas”.

No caso dos produtos madeireiros — como a celulose, principal commodity exportada pelo Brasil ao bloco —, o uso do mapa pode bloquear qualquer carga do setor. “Se não tiver um filtro, quando colhermos uma gleba de árvores, vai acender a luz vermelha do desmatamento”, disse o embaixador José Carlos da Fonseca Junior, diretor de relações internacionais da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá).

Também pode haver problemas para uma atividade que eventualmente suceder um plantio de árvore produtiva após 2020. “O mapa vai entender que a cultura substituiu uma floresta nativa”, disse.

Fonte: Globo Rural

Clique aqui para ler o texto original: https://globorural.globo.com/especiais/fazenda-sustentavel/noticia/2024/07/exportador-pressiona-para-que-uniao-europeia-adie-lei-antidesmate.ghtml

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