Economia

Exportadoras devem ser destaque no 2º trimestre

jul, 23, 2024 Postado porGabriel Malheiros

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Após alguns trimestres em que essas companhias, que lidam com negociação de petróleo, minério de ferro, celulose, entre outras commodities, ficaram de lado, o dólar voltou a ficar acima de R$ 5 entre abril e junho, a uma média de R$ 5,21, alta de 5,5% no ano e de 5,2% sobre o primeiro trimestre, ajudando seus faturamentos.

Os preços de algumas das principais commodities negociadas pelas brasileiras também subiram no período. O barril de referência Brent fechou o segundo trimestre a uma média de US$ 84,64, crescimento de 8% no ano e 2% sobre o primeiro trimestre. Já a celulose negociada na China teve alta de 27% no ano e de 9% sobre os primeiros três meses de 2024, perto de US$ 700 a tonelada.

“As fabricantes de papel e celulose do Brasil devem ter resultados mais robustos no segundo trimestre, refletindo a combinação de preços sequencialmente mais altos e a desvalorização do real”, comentam os analistas liderados por Caio Ribeiro, do Bank of America. A Suzano, com maior exposição à commodity, deve ser especialmente beneficiada.

No caso da Petrobras, que ainda não divulgou sua prévia operacional, Alejandro Demichelis e Pedro Baptista, analistas do Jefferies, afirmam que os volumes da companhia serão beneficiados por menos manutenções e maior taxa de utilização de refinarias. Juntando isso com os maiores preços do petróleo e dólar elevado, deve gerar Ebitda de US$ 13,7 bilhões.

O minério de ferro foi no caminho contrário, terminando o período a uma média de US$ 112 a tonelada, praticamente estável na comparação anual e com queda de 9,7% sobre o primeiro trimestre, em meio às dúvidas sobre a sustentação da demanda da China.

“Esperamos que mineradoras tenham resultados sequencialmente melhores sobre o primeiro trimestre, explicado por maiores volumes sazonais e custos menores mais do que compensando os preços realizados mais baixos”, afirmam os analistas Yuri Pereira e Arthur Biscuola, do Santander, em relatório. Vale e CSN devem ser beneficiadas desse movimento.

A Vale divulgou o desempenho operacional durante o segundo trimestre, com produção de aproximadamente 81 milhões de toneladas de minério de ferro e vendas de 80 milhões de toneladas. Analistas gostaram do resultado, mas alertam que os preços realizados menores podem ter efeitos negativos nos seus números financeiros.

Do lado contrário, siderúrgicas ainda devem ter resultados fracos. Os analistas do Itaú BBA, liderados por Daniel Sasson, apontam que preços ainda comprimidos do aço, impactados pela entrada de produtos da China no mercado brasileiro, além de fraqueza no mercado dos Estados Unidos, devem causar problemas nos números de Gerdau, Usiminas e CSN.

A Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) deve ser o ponto fora da curva, com bancos projetando que o Ebitda pode até dobrar em um ano, ajudado por melhores preços do alumínio e redução nos custos de produção.

Já os resultados das companhias que atuam primariamente no setor doméstico devem seguir as mesmas tendências vistas no primeiro trimestre, afirmam os bancos, sendo importante a sinalização que os executivos darão em meio ao cenário de juros altos por mais tempo e o consumo das famílias não se recuperando na velocidade que elas esperavam.

Os analistas Luiz Guanais, Gabriel Diselli e Pedro Lima, do BTG Pactual, escrevem que os fundamentos das empresas de varejo mostraram sinais de melhoria no início de 2024 e essa é a tendência que deve continuar ao longo dos próximos trimestres. No entanto, o banco diz que o movimento das ações é ditado pelo noticiário político e macroeconômico.

Com a perspectiva de juros mais altos por mais tempo e os possíveis efeitos que isso pode ter no consumo, as estimativas são impactadas. “Vemos pouco espaço para revisão positiva nas estimativas neste ano”, comentam. As companhias fizeram um intenso processo de racionalização de custos e são beneficiadas por maior geração de receitas na comparação anual.

Companhias do setor elétrico podem ser destaque positivo entre as empresas domésticas, com as temperaturas excepcionalmente altas do segundo trimestre e a falta de chuvas impulsionando os preços de energia pelo lado das geradoras e o consumo na ponta das distribuidoras, apontam os analistas Francisco Navarrete, João Fagundes e Andre Silveira, do Bradesco BBI.

Distribuidoras de combustíveis também devem ter resultados positivos no trimestre, com normalização de estoques impulsionando suas margens, mesmo que os preços do diesel e da gasolina estejam defasados na comparação com os indicadores internacionais.

Já empresas de saúde e educação tendem a ter números mais fracos, impactadas pela sazonalidade negativa do segundo trimestre e o processo de recuperação de margens que vêm implementando. O analista Marcio Osako, do Bradesco BBI, afirma que nas operadoras de planos de saúde e prestadoras de serviços, tendências de margens serão importantes de ser acompanhadas.

Os analistas Vinícius Figueiredo, Lucca Generali Marquezini e Felipe Amancio, do Itaú BBA, apontam que as companhias de educação não devem apresentar surpresas, com as atenções dos investidores voltadas à evolução das margens e conversão de caixa das companhias.

Fonte: Valor Econômico. Clique aqui para acessar a matéria original: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2024/07/23/exportadoras-devem-ser-destaque-no-2o-tri.ghtml

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