Fertilizantes com forte dependência das importações
set, 29, 2021 Postado porSylvia SchandertSemana202138
Diante das crescentes pressões mundiais sobre a preservação ambiental, o agronegócio que faz do Brasil uma potência na produção de alimentos tem na indústria de fertilizantes uma grande aliada. Com ela, aumenta a produtividade,evitando expansões de área plantada. No entanto, há grandes gargalos a serem superados. Especialistas do setor químico e do agroindustrial apontam o custo dos insumos, especialmente o gás natural, e as dificuldades logísticas para recebê-lo,como entraves para o aumento da capacidade produtiva de adubos e fertilizantes no Brasil. Este cenário obriga o país a importar, hoje, cerca de 85% das suas necessidades.
“Fertilizantes, para serem competitivos, precisam de matéria-prima competitiva. No Brasil, o gás natural custa três vezes mais do que nos Estados Unidos e um pouco mais do que na Europa”, diz a diretora de economia e estatística da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), Fátima Giovanna Coviello Ferreira. “A matéria-prima representa cerca de 80% dos custos dos fertilizantes, especialmenteos nitrogenados.”
Dados da Associação Nacional para a Difusão de Adubos (Anda) mostram que, em 2020, foram entregues no mercado 40,6 milhões de fertilizantes, 11,9% acima de 2019. Já a fabricação nacional teve queda de 10% e fechou em 6,4 milhões de toneladas. Cerca de 584 mil toneladas foram exportadas, 109,6% acima de 2019.Para suprir as necessidades da demanda interna, o Brasil importou 32,8 milhões de toneladas de intermediários de fertilizantes, 11% a mais do que em 2019.
Confira abaixo um histórico das importações brasileiras de fertilizantes a partir de janeiro de 2019. Os dados são do DataLiner:
Importações Brasileiras de Fertilizantes | Jan 2019 a Ago 2021 | WTMT
Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração)
A Anda não faz projeções futuras. No primeiro semestre deste ano, foram entregues 9 milhões de toneladas de fertilizantes, 20,3% acima de igual período de 2020. A produção nacional caiu 11%, ficando em 1,5 milhão de toneladas. Para abastecer o país, as importações cresceram 23,4%, para 7 milhões de toneladas. As exportações aumentaram mais, 33,9%, para 119 mil toneladas. “A demanda global hoje é superior à oferta de fertilizantes. É uma preocupação do mundo todo”, diz Ricardo Tortorella, diretor-executivo da Anda.
Segundo ele, a situação brasileira, com importações crescentes ano a ano, deveria ser mais equilibrada. Para alcançar esse equilíbrio, é preciso uma política pública para enfrentar a questão. Tortorella diz que analistas e consultores do agronegócio estimam que as entregas de fertilizantes em 2021 podem crescer dois dígitos sobre 2020.
Fonte: Valor Econômico
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