Economia

FT: Trump desencadeia corrida por acordos comerciais para combater tarifas dos EUA

jan, 28, 2025 Postado porSylvia Schandert

Semana202505

Parceiros econômicos dos EUA estão correndo para manter o volume de comércio na era Donald Trump por meio de novos acordos bilaterais e do redirecionamento de suas cadeias de suprimentos para lidar com o maior protecionismo americano.

Autoridades e especialistas vêm recorrendo a uma tática usada no primeiro governo Trump, quando fecharam mais acordos comerciais entre si após as barreiras impostas pela maior economia consumidora do mundo.

Desde a eleição de Trump em novembro, a União Europeia (UE) chegou ao tão aguardado acordo comercial com o Mercosul, atualizou um pacto de livre comércio com o México e reabriu negociações com a Malásia que estavam adormecidas há mais de dez anos.

Por sua vez, Trump, em seus primeiros dias na Casa Branca, ameaçou impor tarifas de até 100% à China e de 25% ao Canadá e ao México, e disse estar considerando um imposto geral sobre todas as importações dos EUA. Também ordenou às agências governamentais dos EUA investigarem problemas no comércio exterior, como a manipulação cambial e a falsificação de produtos.

O ministro do Comércio Exterior da Malásia, Tengku Zafrul Aziz, disse ao “Financial Times” que a volta de Trump ao poder “poderia, de fato, levar os países a diversificar ainda mais seus parceiros comerciais”.

Aziz citou o Acordo Abrangente e Progressivo para a Parceria Transpacífico (CPTPP, na sigla em inglês) que, mesmo após Trump retirar os EUA das negociações, prosseguiu com 11 membros em 2018. O acordo “demonstrou a resiliência dos países dispostos a cooperar mesmo na ausência de líderes econômicos tradicionais como os EUA”, acrescentou ele.

Os Estados Unidos é, atualmente, um grande parceiro comercial do Brasil. Acompanhe abaixo um histórico das exportações e importações brasileiras com os Estados Unidos. Os dados são do DataLiner:

Exportações e Importações Brasileiras aos Estados Unidos | Jan 2021 – Nov 2024 | TEUs

Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração) 

O comissário europeu de Comércio, Maros Sefcovic, disse no Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça, que sua agenda está cheia de reuniões com ministros dos países do Golfo Pérsico e de outras regiões. “Há um enorme interesse” em assinar acordos com a UE, disse Sefcovic.

Nos próximos meses, o comissário da UE visitará a Índia para avançar em negociações comerciais e parcerias tecnológicas.

“Os países que estão ativamente assinando acordos, e fazem isso independentemente da situação dos EUA”, disse uma autoridade europeia, acrescentando que há um “enorme abismo” entre a retórica do que o governo de Washington gostaria de fazer e o que de fato ocorre na prática.

No primeiro governo de Trump, a UE assinou acordos com o Japão (um grande aliado dos EUA que temia os danos econômicos das políticas do republicano),Cingapura e Vietnã, além de ter iniciado negociações com a Nova Zelândia e Chile, em acordos que foram assinados posteriormente. Um funcionário da UE brincou dizendo que o governo Trump foi “o melhor comissário de Comércio Exterior da UE de todos os tempos”.

“Houve muitos acordos”, disse Cecilia Malmström, comissária de Comércio da UE durante o primeiro governo Trump e uma figura fundamental nas negociações do acordo com o Mercosul. “Pensamos: ‘É um mundo difícil. Não acreditamos em guerras comerciais. Temos um presidente imprevisível que joga tarifas para qualquer lado. Vamos ver o que podemos fazer juntos’.”

Malmström, agora na banca de advocacia Covington & Burling, prevê um acordo com o México e negociações com Austrália, Indonésia e, possivelmente, Filipinas e Tailândia durante os quatro anos do segundo governo Trump.

O presidente da Comissão de Comércio Exterior do Parlamento Europeu, BerndLange, disse que a resposta da UE a Trump vai combinar tarifas retaliatórias com relações comerciais mais profundas em outras regiões. “Além de nos defendermos, devemos fortalecer ainda mais nossa parceria com terceiros, como o Reino Unido, México, Japão ou Canadá, que também podem estar na linha de fogo.”

“Isso significa ratificar acordos como o UE-Mercosul e concluir negociações com parceiros como Austrália e Indonésia.”

Em 2020, os países da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean) se somaram à China, Japão, Coreia do Sul, Austrália e Nova Zelândia, para formar a Parceria Econômica Regional Abrangente (RCEP) que reduziu principalmente barreiras não tarifárias ao comércio, como controles veterinários e procedimentos alfandegários. A RCEP abrange 2,3 bilhões de pessoas e 30% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, em comparação aos 25% dos EUA.

A Área Africana de Livre Comércio Continental (AfCTA), que eliminará 90% das tarifas ao longo do tempo, entrou em vigor em 2021.

Nos últimos anos, apesar da pandemia e do aumento do protecionismo, o comércio de bens e serviços continuou a crescer.

“Independentemente do que Trump faça nos próximos anos, todos os outros países parecem relutantes em aderir a um custoso isolacionismo econômico e, em vez disso, simplesmente vão seguir em frente sem nós”, disse Scott Lincicome, do centro de estudos Cato Institute, em Washington. “Existem cerca de 370 acordos comerciais em vigor até meados de 2024, sem sinais de reversão no futuro.”

O governo chinês recentemente firmou acordos com Sérvia, Camboja, Nicarágua e Equador. A China, vista como a maior rival dos EUA, é sede de cerca de 30% da produção industrial global.

Uma importante autoridade da área de comércio exterior disse estar “mais cético desta vez” sobre novos tratados comerciais, pois os que restam para concluir são mais difíceis de negociar.

“O retorno de Trump pode promover novos [acordos] bilaterais, talvez na África. Mas a Ásia está praticamente fechada.”

Fonte: Valor Econômico

Clique aqui para ler o texto original: https://valor.globo.com/mundo/noticia/2025/01/27/ft-trump-desencadeia-corrida-por-acordos-comerciais-para-combater-tarifas-dos-eua.ghtml

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