Gerdau vê concorrência desleal e sobe o tom contra o aço chinês
fev, 22, 2024 Postado porSylvia SchandertSemana202408
A Gerdau está acelerando os ajustes no tamanho de sua operação no Brasil às condições de mercado mais difíceis, e atribuiu a medida à importação “excessiva” de aço chinês. Depois de fechar quase mil postos de trabalho nos últimos meses, equivalentes a pouco mais de 5,5% de sua força de trabalho no país, a siderúrgica avalia novas rodadas de demissão e de fechamento de capacidade nas próximas semanas. Em outra frente, decidiu seguir com um pedido formal de investigação da China pela prática de preços inferiores ao custo de produção (“dumping”) na exportação de aço.
“Já usamos todos os mecanismos possíveis da legislação brasileira na esperança de que o governo tomaria uma decisão [de elevação da alíquota de importação para 25%]”, disse ontem o presidente da Gerdau, Gustavo Werneck. Mas, conforme o executivo, a demora do governo em adotar algum tipo de proteção contra a concorrência dos asiáticos, classificada como desleal pelas usinas locais, leva à necessidade de fechamento temporário de mais capacidade produtiva, redução de turnos e novos desligamentos. “Nos assusta um pouco a demora do governo em tomar alguma decisão”, acrescentou.
Na avaliação da empresa e da Usiminas, a recente decisão do Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex-Camex) de recompor as tarifas de importação de cinco produtos de aço (tubos e barras) que haviam sido reduzidas em 2022, para um intervalo de 12% a 16%, em linha com Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul, é “absolutamente ineficiente”.
Há duas frentes de atuação na indústria na tentativa de conter as importações de aço, em particular o chinês. Via Instituto Aço Brasil, o setor pede a elevação da alíquota de importação para 25% de pouco mais de três dezenas de NCMs (ou Nomenclatura Comum do Mercosul, que identifica diferentes grupos de mercadorias) – outra possibilidade seria a adoção de cotas de importação. Individualmente, as companhias têm conversado para definir a estratégia no pedido de investigação por dumping.
No ano passado, segundo dados do Aço Brasil, as importações foram recordes, com 5 milhões de toneladas. Em dezembro, a taxa de penetração desses produtos na demanda nacional chegou a 25% e o ritmo de importação se mantém neste início de 2024, segundo a indústria.
O gráfico abaixo mostra as importações brasileiras de aço entre janeiro de 2020 e dezembro de 2023. Os dados são do DataLiner.
Importações Brasileiras de Aço | Jan 2020 – Dez 2023 | TEUs
Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração)
Assim como a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) já estaria fazendo, a Gerdau iniciou o processo para pedir ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) a investigação contra os chineses, afirmou Werneck. Embora a siderúrgica esteja convicta de que é possível comprovar que há dano, não está confiante na aplicação de um antidumping. “As últimas investigações, como a de laminados a quente, mesmo com dano comprovado, não resultaram na aplicação de tarifa porque considerou-se que outros setores poderiam ser afetados”, explicou. Além disso, o prazo médio desse tipo de investigação, de 18 meses, não atende às necessidades urgentes do setor, acrescentou.
Fonte: Valor Econômico
Clique aqui para ler o texto original: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2024/02/22/gerdau-ve-concorrencia-desleal-e-sobe-o-tom-contra-o-aco-chines.ghtml
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