Governo da Argentina negocia exportação de lítio com os EUA
abr, 25, 2023 Postado porGabriel MalheirosSemana202320
O governo da Argentina está avançando no desenvolvimento de um acordo bilateral com os Estados Unidos sobre o lítio argentino. No ano passado, o presidente dos EUA, Joe Biden, aprovou a Lei de Redução da Inflação (IRA em inglês). O texto prevê que US$ 400 bilhões deverão ser investidos na transição energética, com a expectativa de quadruplicar a demanda por lítio.
Embora a Argentina seja o segundo país do mundo em termos de recursos desta matéria prima, ela carece de um requisito fundamental do IRA – mas a questão poderá ser resolvida em breve em negociações lideradas pelo ministro da Economia, Sergio Massa, e pelo Ministério de Relações Exteriores.
Em agosto de 2022, os Estados Unidos aprovaram o IRA, que prevê o maior investimento da história para enfrentar a crise climática. Suas medidas incluem o financiamento de tecnologias com baixos índices de emissão de carbono, crédito para energia solar e compra de veículos elétricos. A projeção é que até 2030 os EUA possam ter um mercado onde metade de todos os veículos sejam elétricos.
Com essas medidas, a demanda anual de lítio deve chegar a 2,4 milhões de toneladas até 2030, quatro vezes mais que a produção global em 2022, segundo a Benchmark Mineral Intelligence. Para um país como a Argentina, esta pode ser uma grande oportunidade para aumentar as exportações.
Existem dois projetos de exploração de lítio atualmente em expansão na Argentina e outros seis em construção. O Ministério da Economia projeta que até 2025 a produção chegue a 200 mil toneladas anuais, o que implicará US$ 5,7 bilhões em exportações, quase 10 vezes o valor atual. No entanto, a lei norte-americana exige algo que a Argentina não cumpre: os créditos concedidos aos cidadãos para a compra de veículos, até US$ 7.500 por unidade, devem ser fabricados com recursos provenientes dos Estados Unidos ou de países com os quais os Estados Unidos tenham acordos de livre comércio.
No entanto, esse impasse pode ser superado através de negociações realizadas por Massa com funcionários de alto escalão da Casa Branca, juntamente com o embaixador da Argentina nos Estados Unidos, Jorge Argüello, e o ministro das Relações Exteriores, Santiago Cafiero.
O governo argentino aponta três sinais que podem indicar uma solução para o problema enfrentado pelo país em relação à falta de acordo de livre comércio com os Estados Unidos para a exportação de lítio.
O primeiro sinal positivo é a regulamentação do capítulo sobre eletromobilidade, publicada na semana passada. Além dos acordos de livre comércio, a Lei incluirá também os países com os quais os EUA assinam acordos bilaterais.
O segundo sinal positivo é um relatório publicado recentemente pelo Departamento do Interior dos EUA em conjunto com o Geological Survey. O documento, intitulado “Mineral Commodity Summaries 2023”, destaca o aumento significativo do consumo de lítio para baterias, devido ao crescente mercado de veículos elétricos e dispositivos eletrônicos.
No que diz respeito à produção, o relatório aponta que a oferta de carbonato de lítio nos EUA provém apenas de uma mina em Nevada, o que torna a importação necessária. E é aí que a Argentina se destaca como principal fornecedor, com 51% do mercado entre 2018 e 2021.
Por fim, o terceiro sinal é o acordo sobre “minerais críticos” assinado pelo Japão com os EUA na semana passada para “fortalecer a cadeia de suprimentos”. Embora a relação geopolítica entre os EUA e a Argentina seja diferente da relação entre os EUA e o Japão, o acordo pode ser seguido como exemplo.
O assunto foi discutido no encontro do presidente Alberto Fernández com Biden na Casa Branca, e entre Massa e Wendy Sherman, número dois do Departamento de Estado, e também com Juan González, assessor especial de Biden para a América Latina.
As conversas diárias estão sendo mediadas por Argüello e Ávila com David Turk, secretário de Energia dos EUA. Multinacionais com presença na Argentina também fazem lobby para que o acordo avance: desde mineradoras como Livent e Allkem, até montadoras como General Motors e Toyota.
Questionados se esses avanços podem provocar alguma diferença na relação bilateral da Argentina com a China, país que investe cada vez mais em lítio, fontes oficiais responderam: “A posição do governo é que as exportações de empresas sediadas na Argentina são negócios entre particulares”. Em 2022, os destinos das exportações argentinas de lítio foram China (42%), Japão (31%) e Coreia do Sul (13%). Os EUA ficaram em quarto lugar, com 9%.
Fonte: Buenos Aires Herald
Para ler o artigo original, acesse: https://buenosairesherald.com/business/mining/government-negotiating-lithium-export-deal-with-us
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