IMF confirma negociações para um novo empréstimo com a Argentina

O governo argentino solicitou formalmente um novo programa com o Fundo Monetário Internacional (IMF), segundo a porta-voz da entidade, Julie Kozack.

“As autoridades expressaram formalmente o interesse em migrar para um novo programa, e as negociações estão em andamento”, afirmou Kozack em uma coletiva de imprensa na sexta-feira, em resposta a uma pergunta do Ámbito, publicação irmã do Herald.

Kozack esclareceu que o atual programa de Facilidades Estendidas está programado para expirar no final do ano. Sobre as duas revisões restantes, ela explicou que “não é incomum permitir que um acordo existente expire sem concluir todas as revisões, enquanto se considera migrar para um novo programa apoiado pelo Fundo”.

O Fundo novamente elogiou as medidas do presidente Javier Milei. Kozack afirmou que o governo argentino “continuou a implementar seu programa de estabilização econômica, que alcançou resultados impressionantes”, incluindo uma “redução significativa da inflação, superávits fiscais e uma melhor cobertura das reservas internacionais”.

Kozack também destacou que tanto a recuperação da atividade econômica quanto o poder de compra dos salários estão “firmemente em andamento”, com o crescimento tornando-se positivo no último trimestre do ano. Ela ratificou que as equipes técnicas da organização multilateral continuarão a trabalhar “de forma construtiva” com o governo.

Ao ser questionada sobre a ausência de um Orçamento de 2025 aprovado pelo Congresso, Kozack afirmou que isso não representa um problema e destacou que o governo continua a “implementar seu programa fiscal com determinação e eficácia, e os dados recentes de novembro sugerem que há um superávit primário de cerca de 2% do PIB”.

Como de costume, ao negociar um novo acordo, ela não forneceu detalhes sobre as “políticas e o tamanho potencial do programa”, acrescentando que esses são tópicos que fazem parte das “discussões em andamento”. Esta foi a última coletiva do Fundo neste ano, já que a organização entra em período de recesso.

Milei conta com o apoio de Trump

Na quarta-feira, Milei afirmou esperar que a administração de Donald Trump ajude a Argentina a negociar um novo acordo com o FMI. Segundo o The Wall Street Journal, o presidente argentino espera que o líder republicano ajude o país a obter “bilhões de dólares” em novos financiamentos da organização multilateral.

Sobre sua relação com Trump, Milei disse que espera alcançar em breve um acordo de livre comércio. “Acredito que é muito provável porque os Estados Unidos descobriram que somos um parceiro confiável”, afirmou o chefe de Estado argentino.

O futuro presidente dos EUA demonstrou repetidas vezes afinidade ideológica e pessoal com seu contraparte argentino. Aproveitando os comentários de Trump, Milei busca fechar um novo acordo com o FMI que traga novos fundos ao país, destacando a eliminação dos controles cambiais como um dos seus objetivos mais importantes para 2025.

A confiança do governo libertário no papel do FMI durante o mandato de Trump cresce a cada dia. Na terça-feira, o ministro da Economia, Luis Caputo, declarou que espera que o acordo seja renovado nos primeiros meses do próximo ano.

“Estimo que no primeiro quadrimestre do próximo ano alcançaremos um novo acordo”, afirmou, acrescentando que os funcionários do FMI estão “impressionados” com o desempenho do plano econômico da Argentina, “assim como o mundo todo”.

Caputo reiterou que o governo busca cumprir três condições para eliminar as restrições cambiais, conhecidas como cepo (gíria em espanhol para “grampo”).

“A primeira é que a inflação convirja para o nível do crawling peg [taxa de desvalorização, atualmente em 2% ao mês]. A segunda é equilibrar completamente o mercado monetário, ou seja, a oferta e a demanda de pesos. Isso é extremamente importante porque havia um desequilíbrio total quando chegamos — quem queria pesos em dezembro do ano passado?”, disse, apontando o novo acordo com o FMI como a terceira condição.

“Se essas três metas forem cumpridas, provavelmente estaremos em condições de sair do cepo.”

Fonte: Buenos Aires Herald

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