Importação de químicos da China salta 70% e eleva ociosidade no Brasil

A importação de produtos químicos da China, considerando uma cesta de 77 insumos que são importantes para os negócios da indústria química nacional, saltaram 70% no primeiro semestre e elevaram a ociosidade nas centrais petroquímicas e fábricas instaladas no país, hoje em torno de 30%, segundo levantamento da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim).

No mesmo intervalo, a produção nacional de químicos de uso industrial recuou 10%, enquanto as importações em volume avançaram 8%. “O momento é gravíssimo, com surto de importações baseado em preços artificiais”, voltou a alertar o presidente executivo da entidade, André Passos Cordeiro.

Conforme o executivo, a pandemia já havia desorganizado a indústria química global. Com a invasão da Ucrânia pela Rússia, a Ásia passou a ter acesso a matérias-primas mais baratas, o que levou os produtores da região a reduzirem ainda mais os preços.

Do lado do consumidor, grandes centros como Europa e Estados Unidos adotaram medidas de proteção – o governo americano já havia imposto uma barreira de 25,7% para diversos produtos chineses, entre os quais químicos -, e os volumes foram redirecionados para mercados desprotegidos, caso do Brasil.

“Estamos mais dependentes das importações do que em um passado recente. Os números podem confundir porque houve queda nos preços internacionais dos químicos, mas, em volume, há crescimento das importações”, disse.

Mesmo com a redução dos valores da balança comercial em 2023 em meio à forte correção de preços, os números relativos à importação permanecem bem acima do visto no pré-pandemia, com crescimento de até 83% conforme o mês avaliado, segundo a Abiquim.

Desde o início do ano, as compras externas em bases mensais têm variado entre US$ 5 bilhões e US$ 5,5 bilhões, contra o intervalo de US$ 3 bilhões a US$ 4,5 bilhões registrado antes da covid-19. O novo patamar mensal só não é maior por causa da correção de preços. Na média, o valor dos químicos importados caiu 17% até agosto.

Com isso, em valores monetários, as importações brasileiras de produtos químicos totalizaram US$ 41,9 bilhões nesse período, queda de 24% na comparação anual – considerando-se agosto de 2023 contra agosto de 2022, a redução nos preços médios chegou a 39,1%, de US$ 1.569 por tonelada para US$ 955 por tonelada.

Para a indústria paulista, comentou o executivo, os efeitos do avanço das importações também são relevantes: nove dos 77 produtos que compõem a cesta de importados da China correspondem a 40% do faturamento do polo petroquímico do ABC.

Fonte: Valor Econômico
Para ler a reportagem original, acesse: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2023/10/04/importacao-de-quimico-chines-salta-70-e-eleva-ociosidade-no-brasil.ghtml

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