Importação e custos ameaçam produção de máscaras no país
fev, 22, 2022 Postado porSylvia SchandertSemana202208
Um dos setores que ressuscitaram com a covid-19, a indústria brasileira de equipamentos de proteção individual, como máscaras e roupas médicas, voltou a encolher em ritmo acelerado, segundo grandes fornecedores de não tecidos, material usado na confecção desses produtos.
A entrada volumosa de importados, muitas vezes sem atender às normas brasileiras, e os custos mais altos do polipropileno (PP) em relação aos concorrentes internacionais já levaram à paralisação de um grande número de máquinas no país. E colocaram em xeque uma indústria que conseguiu se reorganizar rapidamente, quando o avanço da covid-19 fez com que países que não contavam mais com produção local, caso do Brasil, sofressem com a escassez de oferta.
Estima-se que mais de 50% das máscaras cirúrgicas usadas no Brasil atualmente sejam importadas
“A demanda cresceu muito e beneficiou também a indústria de não tecidos, que investiu no país. Hoje, os produtores locais são capazes de atender a 100% da necessidade, o que mostra que, quando há investimento no Brasil, há mercado”, diz o vice-presidente da Berry para a América Latina, Luis Fernando Otero.
Estima-se que, atualmente, mais de 50% do mercado brasileiro de máscaras de proteção seja atendido pelas importações, em especial da Ásia. Em 2021, conforme cálculo da Associação Brasileira das Indústrias de Não Tecidos e Tecidos Técnicos (Abint), cerca de 2 bilhões de máscaras cirúrgicas foram importadas, alta de 50% na comparação anual, ao preço médio (FOB) de US$ 0,07 por unidade.
Ao mesmo tempo, os cerca de 150 produtores locais, que hoje têm capacidade instalada de mais de 500 milhões de máscaras cirúrgicas e 75 milhões de máscaras N95 por mês, teriam condições de atender a 100% da demanda local. Mas operam com ociosidade elevada porque o produto nacional tem custo mais elevado que o importado.
O preço mais alto do PP na região em relação à Ásia e a manutenção da chamada “lista covid”, que isenta de imposto de importação vários insumos usados no combate à pandemia, geraram assimetrias que precisam ser corrigidas, dizem produtores de não tecidos.
“Normas temporárias que se tornam permanentes geram problemas”, diz Otero, da Berry. A multinacional, que incorporou a antiga Companhia Providência, faturou cerca de R$ 1,5 bilhão no país no ano fiscal de 2020 e planeja seguir investindo na operação local, que opera a plena capacidade, conforme o executivo. Mas essas assimetrias preocupam. “Esperamos ter boas notícias em breve.”
A principal matéria-prima dos não tecidos é o polipropileno, que ao fim de 2021 custava, na região, o dobro do visto um ano antes, acompanhando a valorização do petróleo. No auge, a resina usada pelos produtores latino-americanos chegou a custar 70% mais do que a usada na Ásia. Hoje, aponta o setor, essa diferença está entre 25% e 35%.
“Tudo joga contra a produção local neste momento”, diz o presidente da Abint, Carlos Eduardo Benatto. A estimativa é que a produção nacional de não tecidos tenha ficado estável em 2021, em relação ao ano anterior, em torno de 365 mil toneladas. Já o consumo aparente, de 273 mil toneladas em 2020, pode ter crescido ligeiramente com o início da retomada de setores que haviam sido mais fortemente afetados pela pandemia, como automotivo e calçadista. O setor cuja demanda foi menos atingida pela crise foi o de higiene (fraldas e absorventes).
Além da matéria-prima menos competitiva, a indústria brasileira tem de cumprir rigorosas normas técnicas, testar seus produtos e comprovar eficiência e segurança. Na importação, diz Benatto, o documento exigido para entrada no país é uma autodeclaração do fabricante, atestando que o produto atende às normas.
Fonte: Valor Econômico
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