
Índia e América Latina estreitam laços para diversificar o comércio
fev, 27, 2025 Postado porSylvia SchandertSemana202509
No início deste mês, a gigante estatal brasileira Petrobras escolheu um grande evento para anunciar um novo cliente importante. Durante o Brazil Energy Forum no Rio de Janeiro, o diretor de logística, comercialização e mercados da empresa, Claudio Romeo Schlosser, revelou que um acordo foi fechado com a Bharat Petroleum Corporation, da Índia, para a entrega de 6 milhões de barris de petróleo anualmente entre 2025 e 2026.
“Estamos expandindo nossa base de clientes internacionais. Até agora, ela estava fortemente concentrada na China”, disse Schlosser no Rio, antes de viajar para a Índia dez dias depois, onde o acordo foi finalizado e assinado em 12 de fevereiro.
A Bharat Petroleum, estatal indiana, é a terceira maior importadora de petróleo do mundo e garante a maior parte do abastecimento do país — cerca de 85% do petróleo consumido pela Índia no ano passado foi importado. O acordo representa um grande impulso para as exportações da Petrobras para a Índia, que atualmente representam apenas cerca de 4%.
Segundo Schlosser, a Petrobras assinou o acordo com a Bharat na expectativa de ampliar suas exportações para o mercado indiano para 24 milhões de barris por ano.
O acordo ocorre em um momento em que Índia e Brasil buscam intensificar seus laços econômicos como membros do grupo BRICS, que também inclui Rússia, China e África do Sul.
América Latina busca diversificar seu comércio
Com esse acordo, o governo do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva também pretende destacar a crescente importância da Índia para o comércio exterior do Brasil, após ter recusado recentemente a oportunidade de ingressar na Iniciativa do Cinturão e Rota da China.
Diante do aumento das tensões geopolíticas, a Índia se torna um parceiro atraente para muitos países da América Latina, sendo vista como um país independente e amplamente neutro nas disputas de poder entre EUA, China e Rússia.
Por sua vez, a Índia também busca fortalecer laços econômicos como parte de seu realinhamento geopolítico, expandindo sua presença nos países latino-americanos.
Desenvolvimentos semelhantes estão ocorrendo na Argentina, onde a estatal YPF assinou, em janeiro, um acordo com três empresas indianas para exportar até 10 milhões de toneladas de gás natural liquefeito (GNL) anualmente. O acordo também inclui cooperação na exploração e produção de lítio, minerais críticos e hidrocarbonetos, segundo comunicado da YPF.
O CEO da YPF, Horacio Marín, vê o mercado asiático como fundamental para os planos de expansão energética da Argentina. “Estamos convencidos de que o país tem a oportunidade de se tornar um exportador de energia e atingir o objetivo almejado por toda a indústria de gerar receitas de US$ 30 bilhões nos próximos 10 anos”, afirmou Marín.
Em busca de ‘autonomia estratégica’
Sabrina Olivera, do Conselho Argentino para as Relações Internacionais (CARI), explica que a política externa da Índia sempre foi caracterizada pelo princípio da “não-alinhamento”, mas agora está evoluindo para o que se conhece como “autonomia estratégica”.
“Isso significa que a Índia mantém relações com o maior número possível de parceiros sem se comprometer com alianças formais”, afirmou Olivera, coordenadora do grupo de estudos sobre o Sul da Ásia no CARI, ao portal DW.
Atualmente, a Índia participa das principais negociações globais, mas não está vinculada a compromissos militares.
A América Latina representa um enorme potencial de crescimento para a Índia, acrescentou Olivera, embora a presença do país na região ainda seja menor do que a dos EUA, da China ou da União Europeia.
Ela citou como exemplo recente o envio de ajuda humanitária da Índia para Cuba após um furacão devastador, destacando que essa estratégia de aproximação política, econômica e cultural tem sido bem recebida no Caribe.
No Chile, conhecido por sua riqueza mineral, a embaixadora da Índia no país, Abhilasha Joshi, declarou recentemente que o país representa um “portal para o restante da América Latina”.
Índia ganha confiança como maior democracia do mundo
A investida da Índia na América Latina começou há dois anos com uma visita marcante do ministro das Relações Exteriores, Subrahmanyam Jaishankar, ao Panamá — a primeira em seis décadas de relações bilaterais.
“Desde que o primeiro-ministro [Narendra] Modi assumiu o cargo, nossas relações com a América Latina e o Caribe tomaram uma nova direção”, afirmou Jaishankar na época, sinalizando um maior engajamento indiano na região.
De acordo com o portal uruguaio Diálogo Político, o comércio entre a Índia e a América Latina totalizou US$ 40 bilhões (€ 38,8 bilhões) em 2023. Os principais parceiros comerciais da Índia na região são Brasil, México, Argentina, Colômbia e Peru.
A Índia importa principalmente matérias-primas e exporta automóveis, autopeças, produtos farmacêuticos e têxteis. Nos últimos dez anos, o comércio entre as duas regiões cresceu 145%. No entanto, ainda é pequeno em comparação com a China, cujo comércio com a América Latina chegou a US$ 480 bilhões.
O gráfico abaixo mostra as principais exportações de carga conteinerizada do Brasil para a Índia em 2024. Essas informações vêm do DataLiner da Datamar.
Exportações para a Índia | 2024 | TEUs
Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração)
Olivera destaca que a Índia está ciente de que “não possui os mesmos recursos materiais ou militares que a China”, mas está tentando reduzir essa diferença.
“O fato de a Índia ser a única grande democracia da Ásia lhe dá uma vantagem na América Latina. Como a maioria dos países da região também são democracias, a confiança na Índia é maior do que na China”, disse Olivera ao DW.
Fonte: DW
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