Índia e Brasil encerram disputa sobre subsídios ao açúcar na OMC

Brasil e Índia, os dois maiores produtores de açúcar do mundo, estão fortalecendo sua colaboração na tecnologia de produção de etanol, encerrando assim sua disputa comercial sobre subsídios ao açúcar na Organização Mundial do Comércio (OMC), afirmou Kenneth Felix Hacynski Nobrega, Embaixador do Brasil na Índia.

“As relações (bilaterais) estão muito boas em várias áreas. Começamos um diálogo focado no etanol, pois pode ser uma solução para o excesso de produção (global) de açúcar, o que poderia depressar os preços”, disse Nobrega à FE.

O gráfico abaixo mostra o volume de exportação de açúcar no Porto de Santos, o principal porto de exportação de açúcar do Brasil, entre janeiro de 2021 e junho de 2024. As informações foram derivadas do DataLiner.

Volume de Exportação de Açúcar de Santos | Jan 2021 – Jun 2024 | WTMT

Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração) 

O Brasil, que lançou seu programa de mistura de etanol em 1975 para reforçar a segurança energética, ofereceu apoio tecnológico à Índia. Em setembro do ano passado, à margem da cúpula do G20 na Índia, foi lançada a Global Biofuel Alliance para impulsionar a produção e demanda de biocombustíveis, na qual o Brasil desempenha um papel fundamental.

Em 2019, Brasil, Austrália e Guatemala recorreram à OMC afirmando que as medidas da Índia, como o fornecimento de preços justos e remunerativos (FRP) aos agricultores, eram ‘incompatíveis’ com as regras comerciais globais.

A Índia declarou que o governo central e os governos estaduais não compram cana-de-açúcar dos agricultores e que todas as compras de acordo com o FRP são realizadas por usinas de açúcar privadas.

Nobrega disse que atualmente há várias colaborações em diferentes níveis, como governo a governo (G2G), empresa a empresa (B2B) e empresa a governo (B2G), para compartilhar tecnologia e impulsionar a produção de etanol na Índia.

De acordo com Flavio Castellari, Diretor Geral do Cluster de Etanol do Brasil, uma mistura de 27% de etanol na gasolina foi alcançada no país sul-americano desde o lançamento do programa de biocombustíveis. Além disso, 84% dos carros possuem motores flexíveis que podem operar com qualquer proporção de gasolina e etanol.

“De acordo com a nova política a ser aprovada, a mistura de etanol na gasolina deve aumentar para 30%, enquanto colaboramos com a Índia em vários aspectos da produção de biocombustíveis, como pesquisa e desenvolvimento e transferência de tecnologia”, disse Castellari. Ele informou que dos 40 bilhões de litros de etanol produzidos anualmente no país, 80% são oriundos da cana-de-açúcar e o restante do milho.

Atualmente, a porcentagem de mistura de etanol na gasolina na Índia alcançou 15,83% em julho de 2024, e a porcentagem cumulativa de mistura ultrapassou 13% no ano de fornecimento de etanol em curso (ESY) 2023-24 (novembro-outubro). O governo pretende atingir uma meta de mistura de etanol de 20% até o ESY 2025-26.

Enquanto isso, Mauro Vieira, Ministro das Relações Exteriores do Brasil, visitará a Índia de 25 a 28 de agosto de 2024. Vieira e o Ministro das Relações Exteriores S. Jaishankar co-presidirão a 9ª reunião da Comissão Mista Índia-Brasil na terça-feira, com o objetivo de impulsionar a cooperação bilateral e multilateral em diversos setores, incluindo agricultura e pecuária.

O Embaixador Nobrega afirmou que, no último ano, 31 delegações empresariais do Brasil visitaram a Índia para fortalecer a colaboração econômica entre os dois países. “Há discussões sobre a atração de investimentos indianos no Brasil e investimentos brasileiros na Índia no campo da produção de cana-de-açúcar”, disse ele.

Fonte: Financial Express

Clique aqui para ler o texto original: https://www.financialexpress.com/business/industry-india-brazil-end-dispute-on-sugar-subsidy-at-wto-3591921/

Sharing is caring!