Indústria brasileira teme ‘efeito Milei’ nas vendas para Argentina
ago, 15, 2023 Postado porSylvia SchandertSemana202334
A piora da crise argentina já afeta setores da economia brasileira que estabelecem trocas comerciais com o país. Representantes de associações ligadas a produtos manufaturados relatam queda nas exportações este ano e temem piora nos envios nos próximos meses – ao menos até dezembro, quando os argentinos decidirão quem será o novo presidente do país.
Além disso, possíveis medidas do governo para conter a fuga de dólares podem dificultar as relações comerciais da Argentina com o Brasil, avalia especialista.
Um dia após a vitória inesperada do candidato de extrema direita, Javier Milei, nas prévias das eleições presidenciais de outubro, o banco central argentino decidiu subir a taxa básica de juros em 21 pontos, para 118% ao ano, e subir o dólar oficial em 22%, que passa a valer 350 pesos.
Terceiro maior parceiro comercial do Brasil
No curto prazo, o anúncio de medidas para impedir a saída de dólares da Argentina pode dificultar ainda mais o comércio brasileiro com o país, projeta Lia Valls Pereira, pesquisadora da FGV IBRE e especialista em comércio exterior.
A economista lembra que a Argentina é o terceiro maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China e dos Estados Unidos. O país importa uma série de produtos manufaturados e, com a pior seca em décadas, ampliou também a importação de commodities como soja — que chegou até a superar, em valor, a exportação de partes e peças de automóveis para o país.
Para Lia, a piora da crise argentina deve reduzir as exportações e afetar, por exemplo, a demanda interna brasileira por automóveis, que já não estava tão alta:
— É um setor que deve apresentar piora. Além disso, se a oferta de soja na Argentina se regularizar e eles importarem menos, a contribuição da Argentina para o superávit brasileiro vai diminuir.
‘Impacto vai ser pior daqui para a frente’
Segundo Haroldo Ferreira, presidente-executivo da Abicalçados, o resultado das eleições primárias pegou diferentes agentes econômicos de surpresa, e as empresas da indústria de calçados estão preocupadas com os rumos da economia argentina.
O país se tornou o principal destino das exportações brasileiras diante do arrefecimento da economia norte-americana e, mesmo assim, já importa menos mercadorias do que no passado. As exportações de calçados brasileiros para a Argentina recuaram 8,3% entre janeiro e julho deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado, segundo a entidade.
— O setor fica preocupado. A gente já sentiu bastante a queda (das exportações) no último mês, e o impacto vai ser pior daqui para frente. Enquanto o quadro eleitoral não estiver definido, o impacto é bastante sensível e o viés é de baixa na exportação comercial — diz Ferreira.
O gráfico abaixo mostra as importações de aço do Brasil (códigos sh 6400-6406) entre janeiro de 2019 e junho de 2023, de acordo com o serviço de inteligência de mercado DataLiner.
Exportações de calçados para a Argentina | janeiro 2019 – junho 2023 | TEU
Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração)
Procurada, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) disse que “não comenta sobre temas políticos do Brasil ou de seus parceiros comerciais”.
A indústria brasileira do trigo, que compra o produto do mercado argentino, aguarda o resultado das eleições para avaliar possíveis impactos sobre a importação. Rubens Barbosa, presidente-executivo da Abitrigo, lembra que a produção de trigo na Argentina caiu pela metade em 2022 por conta da seca histórica, e isso teve efeito sobre os moinhos brasileiros. Mas o problema foi sanado com a compra de parceiros alternativos – como Estados Unidos, Rússia, Uruguai e Paraguai.
Já outros setores industriais, como os de automóveis e eletrodomésticos da linha branca, sofreram com a queda das exportações para a Argentina, lembra Barbosa.
Fonte: O Globo
Para ler a reportagem original completa, acesse: https://oglobo.globo.com/economia/noticia/2023/08/15/crise-argentina-ja-reduz-exportacoes-de-produtos-brasileiros-para-o-pais.ghtml
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