Brasil negocia exportação de gado vivo
Carnes

Indústria de carne prepara projeto para atender lei antidesmatamento da UE

out, 28, 2024 Postado porSylvia Schandert

Semana202442

Ainda sem uma resposta concreta para atender às novas exigências da lei antidesmatamento da União Europeia (UE) para comercialização de carne bovina, a indústria brasileira deve apresentar ao bloco um projeto-piloto de rastreabilidade e monitoramento da cadeia. O objetivo é garantir a conformidade dos animais que já estão em fazendas habilitadas a exportar à UE.

Hoje, o Brasil já segue um protocolo de rastreabilidade específico para exportar carne à UE. O Sisbov determina a identificação individual e o monitoramento do bovino pelo menos 90 dias antes de seu abate e que seja mantido na propriedade habilitada à exportação nos 40 dias que precedem o envio ao frigorífico. Já a legislação antidesmatamento da UE (a EUDR) — cuja aplicação, prevista inicialmente para 30 de dezembro, pode ser adiada — exige rastreabilidade desde o nascimento do animal.

Aqui está um gráfico interativo que compara as exportações de carne bovina do Brasil para a UE de janeiro a agosto entre 2021 e 2024. Os dados vêm do DataLiner da Datamar.

Carne bovina para a UE | Jan-Ago 2021 vs. Jan-Ago 2024 | TEUs

Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração) 

A proposta da Abiec é de que, a partir das Guias de Trânsito Animal (GTA), os animais com até 13 meses que foram adquiridos para engorda por propriedades habilitadas sejam considerados aptos para ter a carne exportada. Isso porque, em geral, bovinos até essa idade passam por apenas uma fazenda antes de irem para engorda.

Não está resolvido o problema, não é em 100% das propriedades que conseguiríamos fazer isso, mas com o auxílio das certificadoras que já estão dentro do processo, conseguiríamos voltar uma casa para trás com a GTA para saber se a propriedade anterior onde o animal estava também está conforme o requisito de desmatamento”, disse a coordenadora de rastreabilidade da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Danielle Schneider, em evento sobre rastreabilidade bovina promovido pelo Imaflora, em Cuiabá, na última semana.

O objetivo, afirmou, é ‘salvar’ o máximo do estoque de animais que já estão sendo engordados em propriedades habilitadas para exportação. Segundo a Abiec, o Brasil tem 1.200 propriedades habilitadas a vender gado para fornecimento de carne para a UE, com um estoque total de 6 milhões de animais. “Isso não significa que esses animais estão prontos para o abate, apenas que são animais cadastrados na base de dados com Sisbov. A informação sobre a faixa etária deles nós não temos”, disse.

Segundo Schneider, a ideia está em fase inicial de discussão com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e com as certificadoras europeias para ser testada como piloto em 2025, contando com o possível adiamento da aplicação da nova lei.

Proposto pela Comissão Europeia, o braço executivo da UE, o adiamento é dado como certo pelo setor. Em Paris, no Salon International de l’Agroalimentaire (Sial), uma fonte graduada disse ao Valor que o fato de a própria comissão ter proposto o adiamento sinaliza que ele deve ser aprovado pelo Parlamento Europeu.

Conforme dados da Serasa Experian apresentados no evento em Cuiabá, cerca de 5% das propriedades hoje habilitadas a exportar à UE estariam inaptas a atender à nova lei. A avaliação foi feita considerando o aspecto territorial, ou seja, se houve ou não desmatamento após dezembro 2020. A rastreabilidade não foi considerada.

Segundo a Abiec, a idade média de desmame de bezerros no Brasil é de cerca de sete meses. Já as informações levantadas pela associação junto a certificadoras são de que a maioria dos animais cadastrados na base de dados para exportação ao bloco europeu tem até 13 meses de idade. “Assim conseguimos informar para a Europa que, durante a vida inteira daquele animal, ele passou por apenas duas propriedades que foram analisadas ambientalmente para dar a conformidade necessária”, disse Danielle Schneider. (Colaborou Alda do Amaral Rocha)

O jornalista viajou a convite do Imaflora

Fonte: Globo Rural

Clique aqui para ler o texto original: https://globorural.globo.com/sustentabilidade/noticia/2024/10/industria-de-carne-prepara-projeto-para-atender-lei-antidesmatamento-da-ue.ghtml

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