Indústria de transformação piora déficit e vendas perdem sofisticação
fev, 07, 2022 Postado porSylvia SchandertSemana202206
Enquanto a balança comercial como um todo fechou 2021 com superávit recorde, a indústria de transformação viu seu déficit se aprofundar para US$ 53,3 bilhões, o pior resultado desde 2015. No pré-pandemia, em 2019, o saldo negativo foi de US$ 42 bilhões, segundo dados do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).
Em outro tipo de cálculo, por classe de produtos, levantamento da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) mostra que o déficit em manufaturados chegou a US$ 111 bilhões em 2021, o pior desde 2000, pelo menos. A diferença é de quase US$ 40 bilhões em relação a 2019, quando o déficit nesse critério foi de US$ 82,7 bilhões.
O déficit da indústria de transformação em 2021 se aprofundou mesmo com o aumento de 26,3% das exportações do setor em relação a 2020. Na comparação com 2019 também houve alta: de 14%. A importação, porém, cresceu em ritmo maior. De 2020 para o ano passado o avanço foi de 35,1%.
“É preciso destacar também que há uma base baixa de comparação”, aponta Rafael Cagnin, economista do Iedi. Mesmo antes da pandemia, lembra, em 2019, a exportação da indústria de tranformação caiu 5,2% contra o ano anterior, sob efeitos do conflito comercial entre EUA e China e da já combalida economia argentina.
Mais que o tamanho do déficit, diz Cagnin, o que preocupa mais é a acentuada deterioração em setores com maior intensidade tecnológica, importantes não só por propiciar dinamismo econômico como também pela maior inserção nas cadeias globais de produção.
A série histórica desde 1997 do Iedi mostra que em 2013 a indústria de transformação teve o pior déficit (US$ 65,3 bilhões). Naquele ano, os ramos de média-alta e alta tecnologia somavam 36,1% da exportação total da indústria de transformação. No ano passado a fatia foi de 27,6%. Nessas duas faixas tecnológicas estão as indústrias de aeronaves, farmacêutica, automobilística e de máquinas e material elétrico, entre outras.
A alta tecnologia, especificamente, destaca Cagnin, caiu de 6,4% para 3,9% em igual período. Nesse grupo, diz, a indústria de aeronaves passa ainda pelos efeitos conjunturais da pandemia de covid-19. O cenário mostra, porém que a perda de espaço na balança já vinha acontecendo antes.
Fonte: Valor Econômico
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