Linha Verde: nova ligação rodoferroviária para o Porto de Santos pode custar R$ 12 bilhões

Cerca de R$ 12 bilhões. Segundo o Instituto de Engenharia (IE), esse é o valor que, se investido, possibilitará que saia do papel a Linha Verde, um corredor rodoferroviário que ligará a Baixada Santista ao Planalto, criando uma alternativa ao Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI), que poderá atingir a saturação até 2035. As prefeituras de Santos e Guarujá cobram a construção da terceira via e obras complementares nos municípios.

Com estudo concluído em janeiro de 2022 pelo Governo de São Paulo, o projeto rodoferroviário Linha Verde prevê a construção de uma rodovia com oito pistas, sendo quatro para subida e quatro para descida, e uma ferrovia com duas linhas. O sistema ligaria a Grande São Paulo à Baixada Santista, a partir do Rodoanel Leste, na região de Suzano, até a Rodovia Cônego Domenico Rangoni, em Guarujá, facilitando o escoamento de cargas na Margem Esquerda do Porto de Santos.

Em nota, a Secretaria Estadual de Parcerias em Investimentos informou que a possibilidade de construção de uma terceira via “ainda está em avaliação” pela pasta. Enquanto isso, no setor portuário, a ligação viária alternativa ao SAI vem sendo cada vez mais cobrada, pois a cadeia logística se preocupa com a possibilidade de saturação e quer alternativas que permitam acompanhar o ritmo de crescimento do Porto santista, o maior do País e o principal da América Latina.

A estimativa é que a Via Anchieta tenha a sua capacidade saturada até 2035. A ligação viária a partir de Suzano vem sendo estudada pelo IE desde 2011. Segundo o coordenador da Divisão Técnica de Navegação Interior e Portos do instituto, José Wagner Leite Ferreira, trata-se de “um sistema multimodal que se constitui de uma rodovia incluindo faixas especiais para um sistema de trilhos com tração/motorização linear interligando as plataformas logísticas da Baixada e do Planalto”.

A extensão do traçado final deverá ser de 42 km. O instituto estima um custo aproximado de R$ 12 bilhões, já incluída a infraestrutura das faixas dedicadas aos sistemas de trilhos, também incluindo as obras de artes e túneis, como resposta ao Edital de Chamamento Público 1/2021, da então Secretaria Estadual de Logística e Transporte, do governo anterior.

Segundo Ferreira, o instituto avaliou ainda que a melhor forma de viabilização desse projeto é uma parceria público-privada (PPP), com aporte do Governo Estadual.

“Analisando os dados de operação da Autoridade Portuária de Santos (APS), num horizonte entre 2030 e 2040, a movimentação estará acima de 200 milhões de toneladas, equivalendo-se aos dados do Porto de Antuérpia, hoje. Dada à saturação do único corredor de transporte de cargas, a Via Anchieta, fica clara a impossibilidade de dar resposta a esta demanda. Portanto, o IE avalia que a implantação de um segundo corredor é indiscutível”.

O coordenador da Divisão Técnica de Navegação Interior e Portos do IE frisa que a discussão sobre o tema é necessária neste momento porque “uma obra desta complexidade leva de oito a dez anos para se completar. Além disso, trata-se de uma obra nacional, pois Santos é o maior corredor de comércio exterior do nosso País”.

Ele destacou ainda que “a hinterland do Porto de Santos abrange principalmente Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás, além deste corredor constituir-se em vetor do desenvolvimento regional, principalmente da Área Continental de Santos com a implantação da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) e Parque Tecnológico, plataformas logísticas na Baixada e no Planalto, proporcionando benefícios econômicos e sociais, como novos polos de empregos e renda”.

Perguntado se o órgão e o Estado têm discutido sobre a Linha Verde, o coordenador respondeu que “preliminarmente, o projeto já foi alvo de discussão técnica com o Governo Estadual. Tentativas para agendar novas discussões vêm sendo tentadas”.

Números no SAI
No Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI) circulam diariamente, em média, 102 mil veículos, considerando o trecho de Serra em ambos os sentidos. Desse total, em média, 18 mil são veículos comerciais e 83 mil são veículos de passeio. As informações são da Ecovias.

Segundo a concessionária, “sobre o número de acidentes, de janeiro a junho deste ano, foram registradas 199 ocorrências envolvendo caminhões no trecho de Serra das rodovias Anchieta e Imigrantes, sendo que dessas, 50% foram sem vítimas”.

Questionada sobre o projeto Imigrantes 3, em estudos há cerca de 10 anos, a Ecovias informou apenas que permanece atenta a todas as melhorias de infraestrutura que possam ser feitas para trazer mais segurança e conforto aos usuários.

“A concessionária se coloca à disposição do poder concedente para continuar investindo na Baixada Santista e em outros trechos do SAI, inclusive, se for do interesse da sociedade e do governo, contribuir com alternativas para uma nova transposição da Serra do Mar. Continuamos abertos para discutir alternativas e para apresentar avaliações e estudos já concebidos sobre o assunto”.

Projeto: Linha Verde
Trajeto: Planalto-Baixada Santista, do Rodoanel Leste (Suzano) à Rodovia Cônego Domenico Rangoni Objeto: concessão para construção, operação, manutenção e exploração de via alternativa à Via Anchieta com previsão de saturação da capacidade até 2035, e inovar a logística de cargas até o Porto de Santos.
Distância: 42 km
Custo estimado: R$ 12 bilhões
Prazo: de 8 a 10 anos

Fonte: A Tribuna

Para ler a matéria original, acesse: https://www.atribuna.com.br/noticias/portomar/linha-verde-nova-ligacao-rodoferroviaria-para-o-porto-de-santos-pode-custar-r-12-bilhoes

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