
Lula e Tarcísio unem-se para lançar túnel Santos-Guarujá em ato com elogios à relação republicana
fev, 28, 2025 Postado porGabriel MalheirosSemana202509
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), voltaram a estar juntos em evento público na quinta-feira (27), durante a cerimônia de lançamento do edital do túnel Santos-Guarujá, obra cogitada na Baixada Santista há 100 anos e que deve sair do papel a partir de uma parceria dos governos federal e estadual junto com a iniciativa privada.
Projetado para ser a maior obra do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o túnel Santos-Guarujá receberá investimento total de R$ 6 bilhões, dos quais R$ 5,1 bilhões serão divididos igualmente entre o governo federal e o paulista. O restante será responsabilidade da concessionária que vencer o leilão previsto para 1º de agosto. O túnel terá 1,5 km de extensão. O projeto prevê três faixas de rolamento por sentido, uma faixa exclusiva para o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) e acessos para pedestres e ciclistas.
O evento com os dois virtuais oponentes na corrida à Presidência foi marcado por discursos em defesa de parcerias governamentais acima de divergências políticas e exaltação à convivência republicana. Também teve vaias ao governador, que é aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), além de críticas ao plano de um golpe de Estado no país em 2022 e gritos da plateia, composta de aliados de Lula, contra anistia para envolvidos na tentativa de ruptura democrática.
Lula e Tarcísio buscaram dar demonstrações de uma convivência harmoniosa e falaram em “relação civilizada entre os entes federados” e “governar para atender os cidadãos”, com trocas de elogios e indicativo de novas parcerias. O petista afirmou que aliados de ambos que se incomodam com imagens dos dois juntos podem esperar ainda “muita foto” deles. Lula expôs a intenção de somar esforços por um programa habitacional para acabar com as palafitas que ainda existem na Baixada Santista.
A plateia, formada essencialmente por apoiadores de Lula, vaiou Tarcísio no início de seu discurso, quando ele mencionou a cifra de R$ 7,5 bilhões em investimentos na Baixada Santista feitos pela Sabesp, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, que foi privatizada por iniciativa do governador. Nesse momento, o presidente ergueu os braços e balançou negativamente a cabeça. Com a reprimenda, o rumor cessou.
Tarcísio, no entanto, manteve o tom conciliador e também foi aplaudido, ao agradecer a Lula por “colocar o túnel como prioridade” e ressaltar que “é possível sentar na mesa e construir”.
Antes da agenda, em entrevista à TV Record, Lula disse ter o desejo de “fazer o Brasil voltar à normalidade”, com relação respeitosa com governadores e prefeitos. “Quando terminam as eleições, a gente tem que esquecer os partidos que nós somos, esquecer as divergências das eleições e trabalhar juntos, porque o povo, bem ou mal, escolheu”, disse. O presidente também fez crítica indireta a Bolsonaro, afirmando que “tínhamos um presidente que não falava com nenhum governador, viajava e não conversava com ninguém”.
Durante o evento no porto de Santos, Tarcísio ouviu em silêncio as referências ao aliado. O governador foi confrontado por falas em defesa da democracia e coros de “sem anistia” vindos da plateia durante falas de outras autoridades —Tarcísio já se declarou a favor do perdão.
O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), disse no palco que, “enquanto alguns maquinavam o assassinato de seus adversários, o presidente Lula promove o diálogo e estende as mãos em benefício do povo e do desenvolvimento do Brasil”. Alckmin fazia alusão à investigação da Polícia Federal que revelou a existência de um plano para matar Lula, ele próprio e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Apelos contrários ao projeto de anistia em discussão no Congresso Nacional foram disparados ao fim da fala do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB). Ele exaltou a “capacidade política” de Tarcísio e Lula de trabalharem “deixando de lado as divergências e construindo a boa política”. Motta disse que isso reflete “a vontade da maioria” da população e que está alinhado com seu desejo de buscar convergências na pauta da Casa. “O nosso povo cansou de conflitos, não quer mais radicalismo. O nosso povo não aguenta mais viver numa tensão que só faz mal a nós mesmos. O povo brasileiro quer ver isso que está acontecendo aqui em Santos se replicar por todo o país, porque ao final quem ganha é a população.”
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, citou o processo de “tentativa de aniquilar, de encerrar a democracia no Brasil, com a tentativa de golpe”, e disse ser importante colocar o interesse coletivo à frente de brigas pessoais. Rui também alfinetou o ex-presidente ao lembrar que, como governador da Bahia (2015-2022), teve dificuldade no acesso ao governo federal. “Não tive a oportunidade de ser convidado para sentar ao lado do presidente e assinar qualquer contrato”, disse.
Lula, na sequência, endossou a crítica ao falar do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e dizer que “tem presidente que utiliza o BNDES como instrumento de fazer política contra o seu adversário”. “Jamais vou perseguir alguém [governadores e prefeitos] porque votou contra mim. Não foi para isso que eu quis ser presidente da República outra vez, mas para provar que é possível de forma civilizada a gente resolver os problemas do país”, afirmou.
O petista e aliados também usaram o palanque para demarcar diferenças com o bolsonarismo, com críticas ao plano de privatização do porto, engavetado com a volta do PT à Presidência, e um ataque do presidente ao mercado por associar os dados recentes de criação de empregos, com 137 mil vagas abertas em janeiro, ao risco de maior inflação. “Meu Deus, como é possível alguém achar ruim que o Brasil está criando emprego?”, reagiu.
Por Rafael Vazquez, Joelmir Tavares e Cristiane Agostine, Valor
Foto: Sergio Barzaghi / Governo do Estado de São Paulo
Fonte: Valor International
-
Economia
abr, 18, 2022
0
Trocas comerciais Brasil-EUA crescem e caminham para novo recorde
-
Regras de Comércio
set, 16, 2019
0
China exclui soja e carne suína dos EUA de tarifas adicionais
-
Portos e Terminais
dez, 28, 2022
0
Novo governo Lula quer parcerias para alavancar ferrovias e deve impactar Porto de Santos
-
Portos e Terminais
nov, 21, 2023
0
Autoridade Portuária de Santos programa obras para 2024 com investimento de R$ 7 bilhões